quarta-feira, 25 de maio de 2016

Show “No Samba” se despede de Curitiba com apresentações no Paiol

Após temporada de sucesso em 2015, no Teatro José Maria Santos e na Oficina de Música, em janeiro deste ano, o show “No Samba” se despede de Curitiba com últimas apresentações no Teatro Paiol. Quem ainda não viu ou quer ver de novo terá nova chance nos dias 27, 28 (sexta e sábado, às 20h) e 29 de maio (domingo, às 19h).
Entre os anos de 1930 a 1945 a música brasileira viveu um período de apogeu. O desenvolvimento da indústria elétrica e da indústria fonográfica proporcionaram um impulso à expansão do primeiro veículo de comunicação de massa, o rádio. O panorama musical destes 15 anos, que ficaram conhecidos como a Era de Ouro, caracteriza-se, principalmente, pelo surgimento e reconhecimento de compositores regionais responsáveis pela criação de uma identidade musical nacional, pela complexidade e sofisticação dos arranjos, pela ascensão do samba e da marchinha como os estilos mais populares, além da intensa e ampla interação entre compositores, instrumentistas e cantores da época. O rádio era o principal veículo de divulgação da música e impulsionou a carreira de muitos artistas. Os discos de vinil foram se tornando cada vez mais acessíveis.
Tal fase da música brasileira, marcada por sucessos atemporais, como “Morena Boca de Ouro”, “Nega do Cabelo Duro”, “Touradas em Madri”, entre tantas outras canções, que até hoje são referências da nossa música, inspirou o cantor e ator Marcio Juliano para criar o show “No Samba”.
O show destaca o repertório de sambistas consagrados, como Ary Barroso, Noel Rosa, Dorival Caymmi, Assis Valente e Braguinha, mas não reproduz a estética, nem a sonoridade dos intérpretes da época. Trata-se de uma releitura que promove o diálogo entre o samba e outros gêneros musicais.  O talentoso músico curitibano Gabriel Schwartz além de tocar flauta, clarinete e saxofone é quem assina a direção musical. O idealizador, Marcio Juliano (voz e direção), que também estava à frente do aclamado show Noël, agora divide o palco com uma turma de virtuoses: Daniel Migliavacca (bandolim, violão tenor e cavaquinho), Lucas Melo (violão de sete cordas), Luiz Rolim (percussão).  A codireção artística e iluminação é de Nadja Naira, da Companhia Brasileira de Teatro; o cenário de Fernando Marés; o figurino de Áldice Lopes e a produção audiovisual de João Marcelo Gomes, grandes e antigos colaboradores da Cia Ilimitada, realizadora do projeto.
O conteúdo das letras foi o principal critério de seleção do repertório, não foi fácil diante de tamanha e vasta produção, mas escolhi ao todo 15 músicas. Embora também sejam interessantes e muito ricas musicalmente, não me deixei levar só pela melodia, mas sim pela narrativa". “Eu Quero um Samba” (Janet de Almeida e Haroldo Barbosa), “Alegria” (Assis Valente e Durval Maia) e “Com Que Roupa?” (Noel Rosa) são algumas das escolhidas. “No Samba”, também inclui outros estilos musicais que na época faziam sucesso no Brasil, “Judiaria”, uma guarânia composta por Lupicínio Rodrigues, “Sarambá”, composição com letra em francês e a cubana “Quizás, Quizás, Quizás”, somam no roteiro.
Nosso interesse não é preservar a estética tradicional do samba, com todo o respeito que o gênero merece, misturamos, recortamos e colamos sonoridades distintas neste show que acabou ganhando uma pegada com influências variadas da música moderna, sem preconceitos”, revela Schwartz. “Trata-se de um show inusitado, cuja linguagem vem sendo desenvolvida em trabalhos anteriores como “Noël - Show” em homenagem a Noel Rosa, que esteve na Oficina em 2015. Com preocupação cênica e de roteiro, não é só um show de música, mas também não é um musical, tecnicamente seria um show cênico musical, mas ainda não há um termo para definir este estilo de apresentação”, complementa.
A participação virtual de um trio vocal feminino composto por Katia Drumond, Fátima Castilho e Roseane Santos e projeções mapeadas de vídeos em algumas músicas dão uma ideia do que esperar do trabalho que oferece não só entretenimento, mas abre espaço para protestar usando o samba como ferramenta e, sendo assim, vale até fusões mais radicais como samba e rap. “O público vai ver um show multidisciplinar, divertido, com interpretação bem-humorada e músicas muito bem escolhidas, compondo um repertório representativo desta rica fase da música popular”, adianta Schwartz.

Este projeto foi incentivado pela Caixa Cultural por meio da Lei de Incentivo à Cultura e tem ingressos custando R$ 30,00 e R$ 15,00 (meia).

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