terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Exposição relembra primeiro comício pelas "Diretas Já" em Curitiba

Há 30 anos, a Boca Maldita foi cenário de um dos episódios mais significativos para o resgate da democracia no País. Cerca de 40 mil pessoas se reuniram naquele 12 de janeiro de 1984 para o primeiro grande comício pelas “Diretas Já”, realizado em Curitiba.
Em memória ao comício que deu início à onda de manifestações por eleições diretas e pela restituição das instituições democráticas, a Prefeitura de Curitiba, por meio da Secretaria Municipal de Comunicação Social, realiza a exposição “30 anos: 1º Comício Diretas Já – Curitiba”. O cenário para a mostra será a mesma Boca Maldita, localizada na Rua das Flores, no Centro da cidade. Porém, desta vez, no lugar do palanque, é utilizado outro ícone que tornou Curitiba nacionalmente conhecida, um ônibus biarticulado abriga a exposição.

Ditadura - Até dia 23 de janeiro, quem passar pelo calçadão curitibano encontrará o biarticulado externamente plotado com imagens marcantes do primeiro comício das "Diretas Já". Internamente, a mostra se divide em três núcleos, os quais apresentam textos, charges, imagens e três vídeos de aproximadamente um minuto de duração – sobre o golpe militar, a repressão e o comício na capital paranaense. O escuro profundo, quebrado apenas pelo material gráfico e pelo clarão dos vídeos projetados, é proposital. A ambientação da mostra pretende remeter o visitante ao clima que ficou conhecido como “anos de chumbo”, vivenciados durante os 20 anos de ditadura brasileira.
Como primeira referência a essa memória, logo à entrada, há a exibição do vídeo sobre o golpe e a cortina preta de acesso à mostra exibe o desenho de um coturno ao lado de um pequeno texto. Após a cortina, um painel apresenta manchetes e editoriais de apoio ao golpe através de jornais de grande circulação. O material também lembra a fuga do ex-presidente João Goulart e a decretação do AI 5 – Ato Institucional de número cinco, publicado em 13 de dezembro de 1968.
O AI 5 acirrou a ditadura e instituiu um pacote de medidas que concedeu mais poder ao governo do general Costa e Silva para combater e punir quem fosse considerado contrário ao regime. Entre as medidas estavam o fechamento do Congresso Nacional e a suspensão de garantias constitucionais e de direitos políticos. A sucessão de fatos marcantes é resumida por uma Linha do Tempo, a qual descreve a trajetória da ditadura de 1964 a 1984 até a realização do comício em Curitiba.

1º Comício - O segundo núcleo da mostra concentra informações sobre o primeiro comício pelas "Diretas Já". Entre as imagens mais representativas está a fotografia de Maurício Fruet, prefeito à época, que espontaneamente foi seguido pelos manifestantes desde a concentração, em frente ao prédio central da Universidade Federal do Paraná (UFPR), até a Boca Maldita. Fruet aparece ao lado do ex-governador José Richa e de Álvaro Dias, além de outras representações paranaenses.
Personalidades políticas nacionais, que se tornariam símbolos da luta democrática, como Ulisses Guimarães e Tancredo Neves, também estiveram presentes no palanque do primeiro comício. Um momento histórico que refletiu o ânimo da massa reunida, não dividida por grupos partidários, mas unida em torno do mesmo ideal - a retomada da democracia.

Interatividade e democracia - O último segmento descreve a transição do regime, a anistia e, finalmente, a abertura política. Ao longo da mostra, em um grande painel branco deverão ser reunidas postagens de pessoas que desejem compartilhar com o público em geral memórias, impressões ou imagens desse período. O compartilhamento poderá ser feito presencialmente, no próprio espaço expositivo, ou através do email diretascuritiba@gmail.com.

A visitação gratuita ao interior do biarticulado poderá ser realizada no período entre 11h e 21h. Até às 17 horas, o público contará com o apoio de oito monitores. O material em exibição foi preparado e organizado pela equipe do departamento de Comunicação e Marketing da Secretaria de Comunicação, com o apoio da Fundação Cultural de Curitiba (FCC) e de outras instituições públicas e privadas – Arquivo Público do Paraná, Biblioteca Pública do Paraná, Fórum Paranaense de Resgate da Verdade, Memória e Justiça, Grupo Tortura Nunca Mais, Gazeta do Povo, Universidade Federal do Paraná, Urbanização de Curitiba S/A e Viação Cidade Sorriso Ltda.

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