A banda Anacrônica está de volta com
"Eu acho que vai chover". O EP foi maturado desde 2011, quando a
última canção inédita - "Tardes em Guadalajara" - tinha sido
lançada. Como o título do trabalho sugere, as quatro músicas da nova
gravação são menos ensolaradas. A estética ligeiramente sombria e algo
reflexiva, no entanto, revela que o grupo escolheu a pista para virar o
próprio jogo e ousar mudança de rumo. O resultado é aquilo que o produtor
Tomás Magno chama de "estranho perfeito", mas que também pode ser
definido como "assinatura". Não é todo mundo que consegue.
E o público curitibano irá conhecer
este novo trabalho da Anacrônica - formada por Bruno Sguissardi (guitarra e
vocal), Marcelo "Gordo" Bezerra (bateria), Marcelinho França (baixo)
e Sandra Piola (voz) - neste sábado (12), às 17h30, no Beer Garden Sláinte (alameda
Pres. Taunay, 435, Batel).
"É mentira", com cara de
single, abre o EP. É a canção que marca a atual fase da Anacrônica, uma
combinação do som alternativo dos anos 90 com o novo rock feito para as
pistas. A faixa-título vem a seguir e consegue a proeza de ser dançante
praticamente sem o uso da caixa - bumbo, chimbal e programações dialogam com
a guitarra cujo timbre que remete ao melhor da produção solo de John
Frusciante. O cover de "Xixi nas estrelas" revigora o clássico dos
anos 80 e fortalece o refrão composto por Guilherme Arantes em parceria com
Paulo Leminski. Assinatura, lembra-se?
A grande surpresa encerra o EP.
Paradoxal, "Um outro lugar" é a síntese de todos os talentos da banda.
Tudo, rigorosamente, tudo o que a Anacrônica tem de melhor aparece ali: o
vocal sem afetação de Sandra, a elegância da guitarra de Bruno, a precisão
do baixo de Marcelinho e a doação do baterista Gordo. "Não fosse pelo
dinheiro, não fosse pela paciência, não o desespero, nem a inocência",
diz a letra, confessional, como a expiar o drama - uma dívida financeira já
quitada - que quase pôs fim ao grupo. "Tudo vai mudar", insiste,
"mesmo que tudo pareça igual". Música é mesmo uma profissão de
fé.
Com referências a bandas como
Cardigans, Moloko, Garbage, Red Hot Chili Peppers e Justice, além de Blondie e
disco music, o EP "Eu acho que vai chover" coloca a Anacrônica entre
as bandas responsáveis pelas melhores gravações da história recente do rock
nacional. Registradas em três estúdios diferentes em São Paulo (Praia
Bonita), Rio de Janeiro (Toca do Bandido) e Curitiba (Áudio Ataque) e mixadas
em Londres (Sugar CaneStudios), as músicas foram finalizadas graças a um
financiamento colaborativo que atingiu 112% da meta.
Depois da estreia promissora, com "Deus e os loucos" (Independente, 2009), a banda que abriu para Franz Ferdinand e ganhou musculatura na estrada prepara-se para um novo desafio: mostrar que é possível ter apelo comercial e relevância artística, algo que o rock produzido no Brasil se ressente neste momento. A Anacrônica está na chuva para se molhar. E não é mentira.
Depois da estreia promissora, com "Deus e os loucos" (Independente, 2009), a banda que abriu para Franz Ferdinand e ganhou musculatura na estrada prepara-se para um novo desafio: mostrar que é possível ter apelo comercial e relevância artística, algo que o rock produzido no Brasil se ressente neste momento. A Anacrônica está na chuva para se molhar. E não é mentira.
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