O Museu Oscar Niemeyer (MON) inaugura
dia 5 de dezembro, sábado, às 11 horas, a mostra “Charif Benhelima: Polaroids,
1998 - 2012”. O artista é considerado um dos maiores nomes belgas da fotografia
contemporânea. Sua obra representa, hoje, uma das mais inovadoras e
consequentes pesquisas em Polaroid. No
dia da abertura haverá uma visita guiada pela curadora Daniella Géo, às 11
horas.
A diretora-presidente Juliana Vosnika ressalta
a importância de receber exposições de nomes expressivos das artes visuais. “O
público terá uma grande oportunidade de conhecer a obra de um dos fotógrafos
mais importantes da atualidade”, diz.
Com curadoria de Daniella Géo e
Christophe De Jaeger, a exposição apresenta aproximadamente 130 Polaroids e
três obras em grande formato (derivadas das Polaroids), sendo divididas em
quatro séries. O projeto foi iniciado pelo Palais des Beaux-Arts (Bozar), em
Bruxelas, e foi também apresentado no Museu de Arte Contemporânea de Niterói
(MAC).
A curadora Daniella Géo explica o
processo: “A adoção dessa fotografia que se autorrevela e muitos pensavam
efêmera demarcou uma nova fase no processo criativo do artista, a partir do
estabelecimento de outra relação com o ato de fotografar – bem mais lento e de
pouco controle técnico, cuja fotografia resultante é única e irretocável. A
obra de Benhelima trata com delicadeza visual e questionamento assertivo
questões políticas e sociais, hoje, emergenciais, como a noção de
pertencimento/exclusão, o viver junto frente ao multiculturalismo”, analisa.
Compostas, em grande parte, como
espécies de abstrações figurativas, as polaroides de Benhelima são imbuídas de
ambiguidade. A percepção do tempo, do espaço, do real e do simulacro é
desestabilizada, e a subjetividade do observador perante as imagens, assim como
as questões que elas levantam, assume seu papel construtivo diante de toda
representação.
"Charif Benhelima é, hoje, um dos
nomes mais interessantes da arte contemporânea. Sua exposição esteve entre as
melhores na Bélgica em 2012 e o confirmou como grande expoente da arte do país.
Ele não tem medo de arriscar, seu trabalho nunca é superficial e sabe unir como
poucos conceito e estética. Sua obra levanta questões que são fundamentais não
apenas na Europa, mas no mundo. Fico entusiasmado em estarmos levando sua obra
para o Brasil”, afirma o curador Christophe.
O artista - Charif Benhelima (Bruxelas,
1967), filho de pai marroquino e mãe belga, ficou órfão aos oito anos. Cresceu
no interior da católica Flandres ocidental e aprendeu sobre sua origem judaica
sefardita já em idade adulta. Seu processo identitário diante das contradições,
dos conflitos e da intolerância despertados pela diversidade cultural é a base
de suas pesquisas.
Embora de fundo autobiográfico, a obra
de Benhelima ultrapassa as questões pessoais. É, ao contrário, formada e
formadora de discursos sociopolíticos de dimensão universal, associados, em
particular, à problemática da imigração e da discriminação, assim como da
própria imagem – fotográfica e social – como construção. A noção de
invisibilidade, visual e/ou simbólica, explorada nas diferentes séries, é
fundamental.
Nomeado por sua obra completa para o
Robert Gardner Fellowship em Fotografia 2008 (Harvard University/Peabody
Museum), Benhelima expôs, recentemente, no Palais des Beaux-Arts, Bruxelas;
Station Museum of Contemporary Art, Houston; Institute of Contemporary Arts,
Cingapura; Museum voor Hedendagse Kunst – MuHKA, Antuérpia; BPS22, Charleroi
etc. Paralelamente às suas pesquisas artísticas, Benhelima é professor da
prestigiosa Malmo Art Academy, Lund University, Suécia, e conferencista
convidado do HISK, Gent, Bélgica.
Sobre os curadores
Daniella Géo é curadora independente e
pesquisadora residente na Bélgica e no Rio de Janeiro. Doutora e mestre em
Estudos Cinematográficos e Audiovisuais (com foco em Arte Contemporânea/Fotografia)
pela Université de La Sorbonne Nouvelle – Paris III. É cocuradora da 4e
Biennale de Lubumbashi, R.D.Congo e foi cocuradora da 5e Biennale
internationale de la Photographie et des Arts visuels de Liège e de Black is
beautiful, GRID – 3e Internationale Fotografie Biennale, Amsterdã. Entre suas
curadorias recentes estão a exposição retrospectiva “Roger Ballen:
Transfigurações”, fotografias 1968-2012 (MAM-Rio, MON, Curitiba e MAC-USP) e as
coletivas Álbum de Família, Centro de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro,
Adding Subtractions, The Bag Factory, Joanesburgo, (Re)construções: Arte
Contemporânea da África do Sul, MAC de Niterói. Géo é professora da Escola de
Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro, conferencista convidada do Hoger
Instituut voor Schone Kunsten, Gent, Bélgica, e curadora associada do APT –
Artist Pension Trust, NY.
O belga Christophe De Jaeger coordena o
departamento de fotografia e media-arts do Palais des Beaux-Arts, Bruxelas.
Curadorias internacionais mais recentes foram apresentadas em instituições como
Museu de Arte Contemporânea de Niterói (2013), Museum of Contemporary Art,
Shanghai (2009) e o Pavilhão de Bruxelas, na World Exhibition, em Shanghai
(2010). É doutorando em creative partnerships pelo King`s College, Londres. É
diretor da organização Gluon, plataforma que promove colaborações entre
artistas, pesquisadores e industriais, em Bruxelas.
A mostra “Charif Benhelima: Polaroids,
1998 - 2012” fica em cartaz até 3 de abril de 2016 e a visitação pode ser feita
de terça a domingo, das 10h às 18h. Os ingressos custam R$ 9,00 e R$ 4,50
(meia). Mais informações: 3350- 4400 ou www.museuoscarniemeyer.org.br.
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