Está terminando a exposição que discute
os motivos e a necessidade de destruir e de reter imagens. Ela poderá ser vista
no Museu da Fotografia somente até o dia 10 de dezembro. Quem ainda não viu tem
um ótimo motivo para fazê-lo neste domingo (6), dia de lançamento do catálogo
da exposição. Às 15h, haverá um bate-papo com a artista visual e fotógrafa
Nicole Lima, no local da mostra. Em seguida, às 16h, a distribuição dos
catálogos.
O que leva alguém a rasgar, destruir ou
simplesmente jogar fora uma fotografia? O que de tão doloroso ou intolerável há
nessas imagens? A curiosidade por estas histórias foi o ponto de partida da
artista que há mais de três anos vem recolhendo e guardando negativos, slides e
fotografias que os outros não querem mais. Muita coisa chegou por meio de
doação, algumas revelam o motivo do descarte e trazem marcas de violência,
outras contêm instruções de como devem ser eliminadas. Arquivos pessoais da
artista também estão presentes. Ela conta que na época que os pais dela se
separaram, a mãe recortou o ex-marido de todas as fotografias e o ato a
impressionou e foi decisivo.
“Este inventário que aqui apresento foi
tecido a partir do entrecruzamento de imaginários vivos e mortos: restos de
fotografias impressas descartadas por seus donos das quais me apropriarei para
reapresentá-las destruídas ou reconstituídas, conforme as instruções de seus
doadores”, explica a fotógrafa. Num primeiro tempo a exposição se refere ao
descarte e permite que o espectador participe triturando suas próprias
fotografias e lembranças indesejáveis. Na segunda sala, uma pausa que invoca um
olhar para dentro de si a partir, exclusivamente, da escuta. O ambiente é
composto por depoimentos de cegos tardios em resposta a uma única pergunta: de
que fotografias você se lembra?
De um lado, o desejo de destruir, do
outro, o desejo de reter imagens, de acordo com a artista a exposição procura
criar uma ponte entre essas oposições. As expressões que dão nome ao trabalho
foram cunhadas pelo poeta Manoel de Barros. "Segunda infância" é a
sobrevida dada às imagens descartadas. "Eu sei dizer sem pudor que o
escuro me ilumina", alude às imagens latentes na memória dos deficientes
visuais iluminadas por suas vozes. O terceiro ambiente, “A Sala da Separação”,
expõe o espectador ao excesso de imagens e permite que ele mesmo decida o
destino delas.
A exposição faz parte do Edital
Ocupação de Espaços do Museu da Fotografia da Fundação Cultural de Curitiba.
SOBRE A ARTISTA - Nicole Lima é doutoranda
em Artes Visuais - Multimeios; mestre em Artes Visuais - Processos Artísticos
Contemporâneos; fotógrafa, crítica e pesquisadora em Artes e Linguagens
Visuais, graduada em Arquitetura e Urbanismo, pela UFPR. Atualmente integra o corpo docente do Centro
Tecnológico da Universidade Positivo, onde ministra as disciplinas de Cultura
Visual, Fotografia Autoral, Pesquisa em Fotografia e Composição e Estética.
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