sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Últimos dias para ver a exposição fotográfica da artista visual Nicole Lima

Está terminando a exposição que discute os motivos e a necessidade de destruir e de reter imagens. Ela poderá ser vista no Museu da Fotografia somente até o dia 10 de dezembro. Quem ainda não viu tem um ótimo motivo para fazê-lo neste domingo (6), dia de lançamento do catálogo da exposição. Às 15h, haverá um bate-papo com a artista visual e fotógrafa Nicole Lima, no local da mostra. Em seguida, às 16h, a distribuição dos catálogos. 
O que leva alguém a rasgar, destruir ou simplesmente jogar fora uma fotografia? O que de tão doloroso ou intolerável há nessas imagens? A curiosidade por estas histórias foi o ponto de partida da artista que há mais de três anos vem recolhendo e guardando negativos, slides e fotografias que os outros não querem mais. Muita coisa chegou por meio de doação, algumas revelam o motivo do descarte e trazem marcas de violência, outras contêm instruções de como devem ser eliminadas. Arquivos pessoais da artista também estão presentes. Ela conta que na época que os pais dela se separaram, a mãe recortou o ex-marido de todas as fotografias e o ato a impressionou e foi decisivo.
Este inventário que aqui apresento foi tecido a partir do entrecruzamento de imaginários vivos e mortos: restos de fotografias impressas descartadas por seus donos das quais me apropriarei para reapresentá-las destruídas ou reconstituídas, conforme as instruções de seus doadores”, explica a fotógrafa. Num primeiro tempo a exposição se refere ao descarte e permite que o espectador participe triturando suas próprias fotografias e lembranças indesejáveis. Na segunda sala, uma pausa que invoca um olhar para dentro de si a partir, exclusivamente, da escuta. O ambiente é composto por depoimentos de cegos tardios em resposta a uma única pergunta: de que fotografias você se lembra?
De um lado, o desejo de destruir, do outro, o desejo de reter imagens, de acordo com a artista a exposição procura criar uma ponte entre essas oposições. As expressões que dão nome ao trabalho foram cunhadas pelo poeta Manoel de Barros. "Segunda infância" é a sobrevida dada às imagens descartadas. "Eu sei dizer sem pudor que o escuro me ilumina", alude às imagens latentes na memória dos deficientes visuais iluminadas por suas vozes. O terceiro ambiente, “A Sala da Separação”, expõe o espectador ao excesso de imagens e permite que ele mesmo decida o destino delas.
A exposição faz parte do Edital Ocupação de Espaços do Museu da Fotografia da Fundação Cultural de Curitiba.

SOBRE A ARTISTA - Nicole Lima é doutoranda em Artes Visuais - Multimeios; mestre em Artes Visuais - Processos Artísticos Contemporâneos; fotógrafa, crítica e pesquisadora em Artes e Linguagens Visuais, graduada em Arquitetura e Urbanismo, pela UFPR.  Atualmente integra o corpo docente do Centro Tecnológico da Universidade Positivo, onde ministra as disciplinas de Cultura Visual, Fotografia Autoral, Pesquisa em Fotografia e Composição e Estética.

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