O número de mortes no trânsito em
Curitiba caiu 17,5% em 2015, em comparação com o ano anterior. É a maior queda
registrada desde 2011, quando a cidade iniciou o monitoramento, após aderir ao
programa Vida no Trânsito. Desde então, o número de mortes em acidentes de
trânsito em Curitiba já teve redução de 40,6%, aproximando antecipadamente a
capital da meta do programa, que é de redução de 50% até o ano de 2020.
O Vida no Trânsito é um programa
intersetorial, coordenado pelo Ministério da Saúde. Em Curitiba, as ações do
projeto foram intensificadas a partir de 2013, acelerando o processo de redução
das mortes no trânsito.
Em 2015, foram registradas na cidade
184 mortes, em 179 acidentes (cinco desses acidentes resultaram em duas mortes
cada um). No ano anterior, foram 226 mortes.
O dado confirma uma tendência
verificada na cidade nos últimos anos. O número de mortes no trânsito caiu
15,8% em 2012; 13,1% em 2013; 1,3% em 2014 e 17,5% no ano passado.
“Os
dados demonstram um resultado de curto prazo muito efetivo a partir de medidas
como a redução da velocidade na área central, com a implantação da Área Calma,
as ações educativas e o investimento em infraestrutura”, afirma o prefeito
Gustavo Fruet. “Mas esse é um debate permanente, que deve envolver a sociedade,
para definir se o espaço urbano, as vias, são para transportar mais carros ou
mais pessoas”.
Fruet disse que Curitiba não foi
planejada para ter um milhão de veículos. “Qualquer intervenção, principalmente
no anel central, tem um custo muito alto em obras e desapropriações. Por isso,
sem deixar a infraestrutura de lado, estamos trabalhando em mudanças de
conceito e hábitos. Nosso foco é a preservação da vida”, afirmou.
Para a secretária municipal de
Trânsito, Luiza Simonelli, “o dado de 2015, especialmente, mostra o acerto das
medidas que a Prefeitura de Curitiba e parceiros vêm tomando na área de
trânsito, incluindo investimentos superiores a R$ 22 milhões em engenharia de
trânsito, redução de velocidade e ações educativas”. “Ao mesmo tempo, o levantamento
fornece um material rico para orientar novas ações e políticas que garantam a
continuidade dos avanços”, afirma.
Luiza avalia que outro fator que
contribuiu para a redução das mortes no trânsito foi a fiscalização eletrônica.
“Isso fica claro quando vemos as reduções no número de autuações por radares em
2015”, afirma. O número de autuações por
avanço de sinal vermelho, por exemplo, caiu 51,9% em comparação com 2011. As
autuações por parada sobre a faixa de pedestre tiveram redução de 51,3% no período.
Análise - A análise dos dados de 2015
feita pelo comitê do programa Vida no Trânsito mostra que, em números
absolutos, pedestres, homens e jovens na faixa etária de 20 a 29 anos são as
principais vitimas de acidentes.
O número de mortes de pedestres (71 em
2015) caiu 10,1%, mas ainda assim eles representam 38,6% das vítimas, seguidos
por ocupantes de motocicleta (56 casos, o que equivale a 30,4% do total) e
ocupantes de automóvel (34 vítimas = 18,5%).
Os ciclistas representam 10,3% do total
de mortes, mas formam a única categoria em que o número de vítimas aumentou em
2015 em relação a 2014 (de 11 para 19). O coordenador de mobilidade urbana da
Setran, Gustavo Garrett, observa que três das 19 mortes decorreram de quedas e
que cinco óbitos ocorreram em trechos urbanos de rodovias – quatro deles em
acostamentos, que são classificados como vias cicláveis pelo Código de Trânsito
Brasileiro. “Há dados que indicam que ainda há muita imprudência no trânsito,
tanto de motoristas em relação aos ciclistas quanto dos próprios ciclistas”,
afirma.
Os dados também mostram que a região
Sul da cidade é a que concentra o maior número de mortes de ciclistas (8). Por
isso a Prefeitura vem trabalhando para reforçar a estrutura cicloviária na
região. No ano passado implantou as ciclorrotas da Vila Verde e Nossa Senhora
da Luz, na CIC, e dentro de 60 dias deve iniciar a implantação de uma
ciclofaixa ao longo de cinco quilômetros da Rua João Bettega, desde o começo da
Rua Carlos Klemtz até a Rua Cid Campelo.
Na análise por idade, a faixa com maior
número de vítimas é a dos 20 aos 29 anos. Foram 51 vítimas nessa faixa etária,
o que equivale a 28,3% do total).
Risco de morrer - O comitê de análise
do Vida no Trânsito – formado por profissionais das secretarias municipais da
Saúde e de Trânsito, do BPTran, da Polícia Rodoviária Federal, do Batalhão de
Polícia Rodoviária da PM, do Siate e do Instituto de Criminalística – também calcula
o risco de morrer no trânsito, que equivale à taxa de mortes por 100 mil
habitantes. Nesse aspecto, o grupo de maior risco são os idosos com 70 anos ou
mais, com uma taxa de 20,6 mortes por 100 mil habitantes.
Os dados mostram também que o risco de
um homem morrer no trânsito em Curitiba é cinco vezes maior que o risco
observado entre as mulheres. Em 2015, 81% das vítimas fatais no trânsito da
cidade eram homens.
Local e hora - Das 184 mortes ocorridas
no trânsito de Curitiba no ano passado, 129 ocorreram e ruas e avenidas, 45 em
trechos urbanos de rodovias e 10 na Linha Verde. O número de acidentes na Linha
Verde foi o que apresentou maior queda (41,2%), o que pode ser explicado pela
intensa fiscalização feita em conjunto pela Polícia Rodoviária Federal e
Setran, além de obras de engenharia – parte já concluída e outra em curso.
Os dados mostram que os fins de semana
concentram a maior parte dos acidentes com vítimas fatais: 35% das mortes
ocorreram em sábados e domingos. Dos 184 óbitos registrados, 38 decorreram de
acidentes ocorridos em sábados e 27 em domingos, enquanto 28 ocorreram em
sextas-feiras. O período do dia com mais mortes é o que vai das 20 às 21 horas
(35 mortes).
Fatores de risco - A exemplo do
registrado nos anos anteriores, o uso de álcool, velocidade excessiva,
imprudência e desrespeito à sinalização ocupam os primeiros lugares entre os
fatores e condutas de risco associados aos acidentes de trânsito.
A análise dos fatores e condutas de
risco foi realizada com base nos dados de 139 acidentes – já que nos demais não
havia informações e documentos suficientes para uma análise mais completa e
fundamentada.
Os fatores de risco mais presentes nos
acidentes de trânsito foram o uso de álcool (presente em 32,4% dos casos) e a
velocidade (em 18,5%), seguidos das deficiências de infraestrutura (18,5%) e
das condições climáticas (6%).
Em relação ao álcool, os técnicos do
Vida no Trânsito destacam um dado do Vigitel (levantamento do Ministério da
Saúde sobre fatores de risco e proteção para doenças crônicas) segundo o qual
31% dos adultos homens admitem dirigir após consumo de bebida alcoólica – o que
contribui para explicar o alto risco de morte de homens no trânsito.
“Os dados de 2015 no Vida no Trânsito
comprovam que os acidentes envolvendo uso de álcool tendem a ser mais
violentos, além de formar uma dobradinha perigosa com excesso de velocidade”,
afirma Vera Lídia Alves de Oliveira, da Coordenação de Vigilância de Doenças e
Agravos Não Transmissíveis da Secretaria Municipal da Saúde. De acordo com ela,
dos cinco acidentes que tiveram mais de uma vítima fatal em 2014, quatro
envolveram uso de álcool. E dois desses quatro envolveram também excesso de
velocidade.
Condutas de risco - Já nas condutas de
risco, observou-se que a atitude imprudente esteve presente em 42 casos
(22,8%). Em seguida aparecem o desrespeito à sinalização (14,1%) e ausência de
direção defensiva (13,6%).
Outros fatores e condutas associados a mortes no trânsito são falta de habilitação para dirigir, transitar em local proibido, más condições do veículo, converter ou cruzar sem dar preferência, uso de drogas e problemas de visibilidade.
Outros fatores e condutas associados a mortes no trânsito são falta de habilitação para dirigir, transitar em local proibido, más condições do veículo, converter ou cruzar sem dar preferência, uso de drogas e problemas de visibilidade.
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