terça-feira, 5 de abril de 2016

Curitiba registra redução histórica no número de mortes no trânsito

O número de mortes no trânsito em Curitiba caiu 17,5% em 2015, em comparação com o ano anterior. É a maior queda registrada desde 2011, quando a cidade iniciou o monitoramento, após aderir ao programa Vida no Trânsito. Desde então, o número de mortes em acidentes de trânsito em Curitiba já teve redução de 40,6%, aproximando antecipadamente a capital da meta do programa, que é de redução de 50% até o ano de 2020.
O Vida no Trânsito é um programa intersetorial, coordenado pelo Ministério da Saúde. Em Curitiba, as ações do projeto foram intensificadas a partir de 2013, acelerando o processo de redução das mortes no trânsito.
Em 2015, foram registradas na cidade 184 mortes, em 179 acidentes (cinco desses acidentes resultaram em duas mortes cada um). No ano anterior, foram 226 mortes.
O dado confirma uma tendência verificada na cidade nos últimos anos. O número de mortes no trânsito caiu 15,8% em 2012; 13,1% em 2013; 1,3% em 2014 e 17,5% no ano passado.
Os dados demonstram um resultado de curto prazo muito efetivo a partir de medidas como a redução da velocidade na área central, com a implantação da Área Calma, as ações educativas e o investimento em infraestrutura”, afirma o prefeito Gustavo Fruet. “Mas esse é um debate permanente, que deve envolver a sociedade, para definir se o espaço urbano, as vias, são para transportar mais carros ou mais pessoas”.
Fruet disse que Curitiba não foi planejada para ter um milhão de veículos. “Qualquer intervenção, principalmente no anel central, tem um custo muito alto em obras e desapropriações. Por isso, sem deixar a infraestrutura de lado, estamos trabalhando em mudanças de conceito e hábitos. Nosso foco é a preservação da vida”, afirmou.
Para a secretária municipal de Trânsito, Luiza Simonelli, “o dado de 2015, especialmente, mostra o acerto das medidas que a Prefeitura de Curitiba e parceiros vêm tomando na área de trânsito, incluindo investimentos superiores a R$ 22 milhões em engenharia de trânsito, redução de velocidade e ações educativas”. “Ao mesmo tempo, o levantamento fornece um material rico para orientar novas ações e políticas que garantam a continuidade dos avanços”, afirma.
Luiza avalia que outro fator que contribuiu para a redução das mortes no trânsito foi a fiscalização eletrônica. “Isso fica claro quando vemos as reduções no número de autuações por radares em 2015”, afirma.  O número de autuações por avanço de sinal vermelho, por exemplo, caiu 51,9% em comparação com 2011. As autuações por parada sobre a faixa de pedestre tiveram redução de 51,3% no período.

Análise - A análise dos dados de 2015 feita pelo comitê do programa Vida no Trânsito mostra que, em números absolutos, pedestres, homens e jovens na faixa etária de 20 a 29 anos são as principais vitimas de acidentes.
O número de mortes de pedestres (71 em 2015) caiu 10,1%, mas ainda assim eles representam 38,6% das vítimas, seguidos por ocupantes de motocicleta (56 casos, o que equivale a 30,4% do total) e ocupantes de automóvel (34 vítimas = 18,5%).
Os ciclistas representam 10,3% do total de mortes, mas formam a única categoria em que o número de vítimas aumentou em 2015 em relação a 2014 (de 11 para 19). O coordenador de mobilidade urbana da Setran, Gustavo Garrett, observa que três das 19 mortes decorreram de quedas e que cinco óbitos ocorreram em trechos urbanos de rodovias – quatro deles em acostamentos, que são classificados como vias cicláveis pelo Código de Trânsito Brasileiro. “Há dados que indicam que ainda há muita imprudência no trânsito, tanto de motoristas em relação aos ciclistas quanto dos próprios ciclistas”, afirma.
Os dados também mostram que a região Sul da cidade é a que concentra o maior número de mortes de ciclistas (8). Por isso a Prefeitura vem trabalhando para reforçar a estrutura cicloviária na região. No ano passado implantou as ciclorrotas da Vila Verde e Nossa Senhora da Luz, na CIC, e dentro de 60 dias deve iniciar a implantação de uma ciclofaixa ao longo de cinco quilômetros da Rua João Bettega, desde o começo da Rua Carlos Klemtz até a Rua Cid Campelo.
Na análise por idade, a faixa com maior número de vítimas é a dos 20 aos 29 anos. Foram 51 vítimas nessa faixa etária, o que equivale a 28,3% do total).

Risco de morrer - O comitê de análise do Vida no Trânsito – formado por profissionais das secretarias municipais da Saúde e de Trânsito, do BPTran, da Polícia Rodoviária Federal, do Batalhão de Polícia Rodoviária da PM, do Siate e do Instituto de Criminalística – também calcula o risco de morrer no trânsito, que equivale à taxa de mortes por 100 mil habitantes. Nesse aspecto, o grupo de maior risco são os idosos com 70 anos ou mais, com uma taxa de 20,6 mortes por 100 mil habitantes.
Os dados mostram também que o risco de um homem morrer no trânsito em Curitiba é cinco vezes maior que o risco observado entre as mulheres. Em 2015, 81% das vítimas fatais no trânsito da cidade eram homens.

Local e hora - Das 184 mortes ocorridas no trânsito de Curitiba no ano passado, 129 ocorreram e ruas e avenidas, 45 em trechos urbanos de rodovias e 10 na Linha Verde. O número de acidentes na Linha Verde foi o que apresentou maior queda (41,2%), o que pode ser explicado pela intensa fiscalização feita em conjunto pela Polícia Rodoviária Federal e Setran, além de obras de engenharia – parte já concluída e outra em curso.
Os dados mostram que os fins de semana concentram a maior parte dos acidentes com vítimas fatais: 35% das mortes ocorreram em sábados e domingos. Dos 184 óbitos registrados, 38 decorreram de acidentes ocorridos em sábados e 27 em domingos, enquanto 28 ocorreram em sextas-feiras. O período do dia com mais mortes é o que vai das 20 às 21 horas (35 mortes).

Fatores de risco - A exemplo do registrado nos anos anteriores, o uso de álcool, velocidade excessiva, imprudência e desrespeito à sinalização ocupam os primeiros lugares entre os fatores e condutas de risco associados aos acidentes de trânsito.
A análise dos fatores e condutas de risco foi realizada com base nos dados de 139 acidentes – já que nos demais não havia informações e documentos suficientes para uma análise mais completa e fundamentada.
Os fatores de risco mais presentes nos acidentes de trânsito foram o uso de álcool (presente em 32,4% dos casos) e a velocidade (em 18,5%), seguidos das deficiências de infraestrutura (18,5%) e das condições climáticas (6%).
Em relação ao álcool, os técnicos do Vida no Trânsito destacam um dado do Vigitel (levantamento do Ministério da Saúde sobre fatores de risco e proteção para doenças crônicas) segundo o qual 31% dos adultos homens admitem dirigir após consumo de bebida alcoólica – o que contribui para explicar o alto risco de morte de homens no trânsito.
Os dados de 2015 no Vida no Trânsito comprovam que os acidentes envolvendo uso de álcool tendem a ser mais violentos, além de formar uma dobradinha perigosa com excesso de velocidade”, afirma Vera Lídia Alves de Oliveira, da Coordenação de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis da Secretaria Municipal da Saúde. De acordo com ela, dos cinco acidentes que tiveram mais de uma vítima fatal em 2014, quatro envolveram uso de álcool. E dois desses quatro envolveram também excesso de velocidade.

Condutas de risco - Já nas condutas de risco, observou-se que a atitude imprudente esteve presente em 42 casos (22,8%). Em seguida aparecem o desrespeito à sinalização (14,1%) e ausência de direção defensiva (13,6%).
Outros fatores e condutas associados a mortes no trânsito são falta de habilitação para dirigir, transitar em local proibido, más condições do veículo, converter ou cruzar sem dar preferência, uso de drogas e problemas de visibilidade.

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