Curitiba ganha um registro sobre seus
sons, na percepção dos seus moradores. Neste sábado (9), será realizado o
lançamento do livro e website do projeto “Mapa Sonoro Cwb: Uma Cartografia Afetiva
de Curitiba”, no Centro Cultural Sesi Heitor Stockler de França (Av. Mal.
Floriano Peixoto, 458, Centro), a partir das 16 horas. O livro apresenta o
resultado de uma cartografia afetiva da cidade, a partir de uma investigação em
torno de paisagens, eventos e marcos sonoros nas memórias e experiências de
pessoas que circulam em Curitiba há algum tempo.
O projeto "Mapa Sonoro Cwb",
idealizado e conduzido por Lilian Nakahodo, viabilizado por meio da lei de
incentivo cultural municipal e com apoio do Banco do Brasil, surgiu com a ideia
de registrar as ambiências sonoras de cada bairro e fazer uma espécie de
inventário de sons "típicos" de Curitiba, destacando marcos e
paisagens sonoras. Porém, com o tempo, a idealizadora percebeu que, mais
importante do que registrar sons por suas características acústicas, era
investigar como os sons do cotidiano operam na vida das pessoas. “Este é o
grande diferencial do Mapa Sonoro Cwb. Existem alguns mapas sonoros no Brasil e
vários no mundo, que surgiram principalmente a partir do ano 2000, mas todos
eles apresentam sonoridades sem considerar como são percebidas ou como afetam
as pessoas que convivem com elas”, observa.
O livro e o site apresentam a
experiência, a memória e a perspectiva sonora das 28 pessoas ouvidas, entre
curitibanos e “curitibocas” com perfis variados e espalhados pela cidade. A
seleção dos personagens foi criteriosa, segundo Lilian. “Procurei variar o
perfil profissional e faixa etária, tomando o cuidado de ter representantes de
todas as regionais da cidade, equilibrando homens e mulheres, bem como suas
origens - pessoas nascidas na cidade e oriundas de outras localidades", ressalta. O Mapa Sonoro Cwb contempla as 9 regionais de Curitiba. “Apenas a
região do Pinheirinho havia ficado sem representação, e também senti vontade de
conhecer mais de outras regiões periféricas, como o CIC. Para compensar, então,
realizamos oficinas de mapeamento sonoro nessas comunidades, com caminhadas
pelo bairro que resultaram em belas gravações de campo, realizadas pelos
próprios moradores e participantes. As amostras sonoras dessas experiências
foram incluídas no website”, completa.
Do tamanho de uma caixa de CD, o
livreto contém 55 páginas e um CD encartado com faixas sonoras que ‘ilustram’
algumas passagens da obra. As faixas do disco devem ser ouvidas segundo as
indicações no corpo do texto do livreto.
Para Lilian, ouvir relatos sobre os
sons do passado tem o poder (e a beleza) de provocar nos 'leitores/ouvintes' as
próprias lembranças das sonoridades que fizeram parte do cotidiano de tempos
remotos. "Nesses relatos, estão descritos alguns sons que já não existem
mais e só podem ser imaginados - como o das tipografias; outros que se
transformaram - como o próprio som da rua; e alguns que ainda existem, mas que
hoje causam uma sensação distinta - como as buzinas. Interessa aguçar a escuta
para os sons cotidianos do presente e os sons do passado, pois eles também são
testemunhas da transformação da cidade e da vida das pessoas. Só que não
estamos acostumados a prestar atenção neles e muito menos registrá-los, como
fazemos com fotos de lugares e pessoas que gostamos, pois, de um modo geral,
somos muito mais apegados ao sentido da visão. A paisagem sonora urbana está em
constante mudança; seria interessante se tivéssemos o hábito de registrá-la,
seja como dado a se comparar no futuro, seja como suporte para as memórias
pessoais", reflete.
Personagens - Os entrevistados são
pessoas comuns da cidade, com perfis variados, como o maestro Osvaldo
Colarusso, a poeta e escritora Luci Collin, o músico com deficiência visual
Wagner Bittencourt, o educador musical e violinista Guilherme Romanelli, além
de professores, geógrafos, turismólogos, advogadas, músicos, assistente social,
técnico de som, diretor de cena, psicóloga, donas de casa, aposentado,
bailarina, cantora, radialista, cineasta, educadores e sound designer. A idade
dos personagens varia de 30 a 105 anos.
Importância para a cultura - Lilian
Nakahodo, que também é musicista, destaca a importância deste projeto para a
cultura. “É um material que incentiva a abertura dos ouvidos para o que nos
rodeia, pois os sons ordinários, do cotidiano, também fazem parte da geografia,
da memória, da cultura, além de indicarem mudanças sociais, espaciais e
culturais pelas quais uma cidade passa”, revela.
Site x livro do projeto - No endereço
eletrônico www.mapasonorocuritiba.com.br, o internauta encontrará um conteúdo
amplo e poderá desfrutar de muita interatividade. Serão disponibilizadas
amostras sonoras, com sons ambientes dos locais que os entrevistados moram ou
indicam, além dos sons registrados das oficinas dos bairros Pinheirinho e
Cidade Industrial de Curitiba. Nele, as entrevistas estarão organizadas em
pequenos trechos temáticos, tudo isso geolocalizados em um mapa. A ideia do
site é que seja ampliado por colaboração, ou seja: qualquer pessoa poderá
contribuir com amostras sonoras de onde vivem, ou de locais que achar
interessante ou barulhento. Quanto ao livro, tem o foco de relatar o processo
da pesquisa, apresentando seus resultados, num formato mais lúdico.
Sessão de autógrafos - A idealizadora
do projeto, Lilian Nakahodo, fará uma sessão de autógrafos durante o lançamento
do livreto, a partir das 16 horas, do dia 9 de abril, no Centro Cultural Sesi
Heitor Stockler de França. O custo do
exemplar com o CD, fica em R$ 25,00. Valor exclusivo para o lançamento. No
evento, haverá também uma apresentação do projeto e exibição do website, a
partir das 17h.
Mais informações:
www.mapasonorocuritiba.com.br.
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