quarta-feira, 6 de abril de 2016

Sons dos bairros de Curitiba são reunidos em livro e site

Curitiba ganha um registro sobre seus sons, na percepção dos seus moradores. Neste sábado (9), será realizado o lançamento do livro e website do projeto “Mapa Sonoro Cwb: Uma Cartografia Afetiva de Curitiba”, no Centro Cultural Sesi Heitor Stockler de França (Av. Mal. Floriano Peixoto, 458, Centro), a partir das 16 horas. O livro apresenta o resultado de uma cartografia afetiva da cidade, a partir de uma investigação em torno de paisagens, eventos e marcos sonoros nas memórias e experiências de pessoas que circulam em Curitiba há algum tempo.
O projeto "Mapa Sonoro Cwb", idealizado e conduzido por Lilian Nakahodo, viabilizado por meio da lei de incentivo cultural municipal e com apoio do Banco do Brasil, surgiu com a ideia de registrar as ambiências sonoras de cada bairro e fazer uma espécie de inventário de sons "típicos" de Curitiba, destacando marcos e paisagens sonoras. Porém, com o tempo, a idealizadora percebeu que, mais importante do que registrar sons por suas características acústicas, era investigar como os sons do cotidiano operam na vida das pessoas. “Este é o grande diferencial do Mapa Sonoro Cwb. Existem alguns mapas sonoros no Brasil e vários no mundo, que surgiram principalmente a partir do ano 2000, mas todos eles apresentam sonoridades sem considerar como são percebidas ou como afetam as pessoas que convivem com elas”, observa.
O livro e o site apresentam a experiência, a memória e a perspectiva sonora das 28 pessoas ouvidas, entre curitibanos e “curitibocas” com perfis variados e espalhados pela cidade. A seleção dos personagens foi criteriosa, segundo Lilian. “Procurei variar o perfil profissional e faixa etária, tomando o cuidado de ter representantes de todas as regionais da cidade, equilibrando homens e mulheres, bem como suas origens - pessoas nascidas na cidade e oriundas de outras localidades", ressalta. O Mapa Sonoro Cwb contempla as 9 regionais de Curitiba. “Apenas a região do Pinheirinho havia ficado sem representação, e também senti vontade de conhecer mais de outras regiões periféricas, como o CIC. Para compensar, então, realizamos oficinas de mapeamento sonoro nessas comunidades, com caminhadas pelo bairro que resultaram em belas gravações de campo, realizadas pelos próprios moradores e participantes. As amostras sonoras dessas experiências foram incluídas no website”, completa.
Do tamanho de uma caixa de CD, o livreto contém 55 páginas e um CD encartado com faixas sonoras que ‘ilustram’ algumas passagens da obra. As faixas do disco devem ser ouvidas segundo as indicações no corpo do texto do livreto.
Para Lilian, ouvir relatos sobre os sons do passado tem o poder (e a beleza) de provocar nos 'leitores/ouvintes' as próprias lembranças das sonoridades que fizeram parte do cotidiano de tempos remotos. "Nesses relatos, estão descritos alguns sons que já não existem mais e só podem ser imaginados - como o das tipografias; outros que se transformaram - como o próprio som da rua; e alguns que ainda existem, mas que hoje causam uma sensação distinta - como as buzinas. Interessa aguçar a escuta para os sons cotidianos do presente e os sons do passado, pois eles também são testemunhas da transformação da cidade e da vida das pessoas. Só que não estamos acostumados a prestar atenção neles e muito menos registrá-los, como fazemos com fotos de lugares e pessoas que gostamos, pois, de um modo geral, somos muito mais apegados ao sentido da visão. A paisagem sonora urbana está em constante mudança; seria interessante se tivéssemos o hábito de registrá-la, seja como dado a se comparar no futuro, seja como suporte para as memórias pessoais", reflete.

Personagens - Os entrevistados são pessoas comuns da cidade, com perfis variados, como o maestro Osvaldo Colarusso, a poeta e escritora Luci Collin, o músico com deficiência visual Wagner Bittencourt, o educador musical e violinista Guilherme Romanelli, além de professores, geógrafos, turismólogos, advogadas, músicos, assistente social, técnico de som, diretor de cena, psicóloga, donas de casa, aposentado, bailarina, cantora, radialista, cineasta, educadores e sound designer. A idade dos personagens varia de 30 a 105 anos.

Importância para a cultura - Lilian Nakahodo, que também é musicista, destaca a importância deste projeto para a cultura. “É um material que incentiva a abertura dos ouvidos para o que nos rodeia, pois os sons ordinários, do cotidiano, também fazem parte da geografia, da memória, da cultura, além de indicarem mudanças sociais, espaciais e culturais pelas quais uma cidade passa”, revela.

Site x livro do projeto - No endereço eletrônico www.mapasonorocuritiba.com.br, o internauta encontrará um conteúdo amplo e poderá desfrutar de muita interatividade. Serão disponibilizadas amostras sonoras, com sons ambientes dos locais que os entrevistados moram ou indicam, além dos sons registrados das oficinas dos bairros Pinheirinho e Cidade Industrial de Curitiba. Nele, as entrevistas estarão organizadas em pequenos trechos temáticos, tudo isso geolocalizados em um mapa. A ideia do site é que seja ampliado por colaboração, ou seja: qualquer pessoa poderá contribuir com amostras sonoras de onde vivem, ou de locais que achar interessante ou barulhento. Quanto ao livro, tem o foco de relatar o processo da pesquisa, apresentando seus resultados, num formato mais lúdico.

Sessão de autógrafos - A idealizadora do projeto, Lilian Nakahodo, fará uma sessão de autógrafos durante o lançamento do livreto, a partir das 16 horas, do dia 9 de abril, no Centro Cultural Sesi Heitor Stockler de França. O custo do exemplar com o CD, fica em R$ 25,00. Valor exclusivo para o lançamento. No evento, haverá também uma apresentação do projeto e exibição do website, a partir das 17h.

Mais informações: www.mapasonorocuritiba.com.br.

Nenhum comentário:

Postar um comentário