Logradouros e prédios públicos de
Curitiba que fazem referência à Ditadura Militar no Brasil – como a avenida
Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, no Alto da XV – podem receber
novos nomes. É o que pretende um novo projeto de lei de Pedro Paulo (PT)
(005.00070.2015) que iniciou tramitação na Câmara de Vereadores.
A proposta já está sob a análise da
Procuradoria Jurídica (Projuris). O texto revoga todos os atos, decretos ou
leis municipais que tenham conferido a ruas, avenidas e edifícios públicos,
nomes relacionados ao Golpe de 1964, aos governos ou às autoridades que
lideraram o governo durante o período ditatorial – que se estendeu até 1985.
“A ditadura foi um período de terror
para todos. Todo o horror das torturas praticadas foram suportadas por toda
sociedade, por longo tempo refém da impotência em combater ou resistir ao
'massacre legitimado'. O ordenamento jurídico pátrio já reconheceu a
responsabilidade do Estado 'pela morte e desaparecimento de pessoas durante o
regime militar', bem como pelos atos de exceção praticados no período",
explica o autor.
Segundo Pedro Paulo, a matéria tem o
objetivo de fazer valer a justiça historicamente abalada, atualmente
reconhecida por diferentes segmentos e classes sociais, por meio dos resultados
efetivos alcançados pela Comissão Nacional da Verdade. “Trabalho que vem se
revelando como um instrumento importante de resgate de uma dívida que antigos
'líderes' contraíram com a sociedade”.
A nova denominação – que será dada, por
exemplo, à rua Presidente Marechal Dutra, na Cidade Industrial de Curitiba –
deverá observar a ordem cronológica dos projetos de lei aprovados pela Câmara
Municipal, sancionados pelo prefeito e que estão na “fila de espera” para dar
nome a um logradouro ou equipamento público. “A preferência será pelos nomes
que remetam a fatos ou pessoas que lutaram pela liberdade, democracia e
direitos humanos”, complementa o projeto.
Legitimidade - Para garantir a legitimidade da revogação,
o projeto de Pedro Paulo ainda estabelece consulta à Comissão Estadual da
Verdade do Paraná, “acerca do envolvimento das autoridades com governo
militar”. O colegiado foi criado em 2012
para examinar e esclarecer as graves violações praticadas no estado entre 1946
e 1988 e contribuir com os trabalhos da Comissão Nacional da Verdade.
“A denominação de logradouros é uma
iniciativa legítima do parlamentar, daí a extrema responsabilidade na indicação
e aprovação dos nomes, devendo ser pautada na indicação de personalidades que
lutaram em favor da democracia. Da mesma forma, há que se ter o cuidado de
preservar as vítimas e seus familiares, sendo um tamanho desrespeito submeter
quem foi torturado ou teve sua liberdade individual violada, a viver em uma
cidade que tenha nomes de seus antigos algozes nas ruas, praças e avenidas”,
finaliza o vereador.
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