Ícone do cinema italiano e mundial, o
diretor Sergio Leone ganha homenagem especial durante a programação do Mia Cara
Curitiba. De 23 a 28 de maio a Cinemateca de Curitiba exibe as seis obras que
formam uma retrospectiva completa do artista, na mostra “Faroeste Al Dente”. No
dia 23, às 16h, a mostra tem abertura com um debate no Museu Oscar Niemeyer,
com a presença do curador Antonio Cava, organizador do projeto, o crítico de
cinema Marden Machado e o cineasta Marcos Jorge, que conheceu Leone
pessoalmente. O evento terá ainda uma apresentação da Orquestra à Base de Corda
de Curitiba, com direção do maestro João Egashira, apresentando canções das
trilhas sonoras dos filmes de Leone. Para completar o pacote, na Cinemateca
haverá uma exposição com cartazes originais da época dos filmes, fotos de cena
e três ilustrações inéditas, assinadas pelos artistas José Aguiar, Guilherme
Caldas e André Ducci. Todos estes eventos têm entrada franca.
“Sergio
Leone representou a vanguarda do cinema italiano”, explica Cava, “rompendo
padrões antigos da sétima arte e dando atenção especial ao roteiro, diálogos e
trilha sonora”. O diretor é conhecido por fugir da divisão clássica mocinho
contra bandido, ao colocar protagonistas com defeitos, individualistas e que
fazem acordos com os bandidos para benefício próprio. Leone (Roma 1929-1989) se
apropria do faroeste, estilo marcadamente norte-americano, e o subverte, sendo
expoente do então chamado “Western Spaghetti”, o bang-bang desenvolvido na
Itália.
As trilhas sonoras dos filmes de Leone
também merecem destaque, sendo lembrados até hoje. “Ele pedia aos compositores
que usassem instrumentos populares não-convencionais, evitando orquestra
clássica”, conta Antonio Cava. Todo o trabalho autoral de Leone conta com
músicas assinadas por Ennio Morricone, um dos nomes mais relevantes da
composição cinematográfica e até hoje homenageado por sua contribuição à sétima
arte.
Os filmes autorais de Leone, os mais
marcantes de sua carreira, trazem outras características únicas, como closes,
flashbacks, estilização da violência, momentos de tensão e silêncio e atenção
extrema à sincronia entre imagem e som. Essas características são marcantes na
Trilogia dos Dólares ou Trilogia do Homem Sem Nome, trabalho mais marcante de
Leone na década de 1960, com Clint Eastwood. Esses filmes consolidaram a
carreira de Leone, marcando gerações e sendo homenageados por diretores
modernos como Quentin Tarantino e Robert Rodriguez.
PROGRAMAÇÃO - Na programação, seis
filmes de Sergio Leone serão apresentados na Cinemateca. O espaço receberá
ainda a exposição de cartazes recriados por três artistas locais. “A ideia é
que os artistas recriem o material de divulgação dos filmes com toques
curitibanos, ambientando Leone à capital paranaense”, afirma Cava. Era muito
comum, até os anos 1980, que os países recriassem os cartazes de filmes
estrangeiros pelas mãos de artistas nacionais, e a exposição é uma homenagem a
esta tradição.
As exibições começam no dia 23 de maio,
às 19h, com “Era Uma Vez no Oeste”, que destaca Henry Fonda e Charles Bronson,
além de apresentar o rompimento da dualidade mocinho x bandido que Leone passou
a incluir em seus filmes. Já no domingo (24), às 17h, inicia a exibição da trilogia
dos dólares com “Por Um Punhado de Dólares”, primeira parceria de Leone com
Clint Eastwood, que aceita participar de uma disputa entre gangues rivais na
fronteira do México com os Estados Unidos em troca de dinheiro. No mesmo dia,
às 19h, “Por Uns Dólares a Mais” mantém a sequência com a história de um
caçador de recompensas que se alia a um coronel para perseguir outro bandido.
Na terça-feira (26), 19h, se encerra a
trilogia com “Três Homens em Conflito”, que acompanha três homens, cada um
essencial para alcançar um tesouro escondido. Como pano de fundo, a Guerra
Civil dos Estados Unidos. “Quando Explode a Vingança” é exibido na quarta (27),
19h, mostrando a história de um bandido atormentado pelo passado que se envolve
com a Revolução Mexicana, colocando em xeque seus planos de roubo a banco. A
mostra encerra no dia 28 (quinta), com um filme hoje considerado clássico: “Era
Uma Vez na América”. Criticado em seu lançamento, com a exibição de uma versão
editada pelo estúdio, foi relançado com a edição de Leone, que apresentou um
novo filme com sua sensibilidade única para a sétima arte. No longa, um grupo
de amigos de ascendência judaica cresce cometendo crimes em Nova York,
tornando-se mafiosos ao longo dos anos. Companheirismo, ambição e traição
resultam em um mistério, que será desvendado 35 anos depois pelo único
sobrevivente do grupo.
Mais informações: 3321-3310 ou www.miacaracuritiba.com.br.
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