A Casa Romário Martins recebe a partir
desta sexta-feira (15) a exposição “Os Banquetes do Imperador – A Formação da
Gastronomia Brasileira”, composta por painéis fotográficos e textos que
apresentam alguns livros e vários cardápios do século 19 colecionados por D.
Pedro II. O material exposto constitui verdadeiros documentos que retratam um
período da história do Brasil, seus costumes, gostos, padrão estético, entre
outros aspectos, e as origens da gastronomia brasileira.
A mostra é baseada na pesquisa que
resultou no livro homônimo, do fotógrafo, jornalista, editor e chefe de cozinha
André Boccato, em coautoria com Francisco Lellis. A coleção do imperador está
organizada em “menus de navios”, “menus no exterior” (em geral de recepções
oficiais, de restaurantes, de hotéis e de cafés), e “menus no Brasil” – estes,
documentos que extrapolam a curiosidade estética e são testemunhos históricos
do nascimento da “cultura gastronômica brasileira”.
Os cardápios brasileiros incluem
banquetes de Estado, inaugurações de estradas de ferro e eventos sociais no Rio
de Janeiro, em São Paulo e em outros estados. Um deles é o “Menu
Abolicionista”, que contém a primeira citação do “Churrasco do Rio Grande” de
que se tem notícia. Outro é o famoso “Banquete da Ilha Fiscal”.
O autor analisa os menus brasileiros e
constata uma autêntica luta por reproduzir aqui o que já era sucesso na Europa,
ainda que existissem tentativas de valorização de ingredientes locais. Nesta
época foi editado “O Cozinheiro Nacional”, um livro que divulgava, nos jornais
cariocas, uma cozinha livre das influências europeias. Contraditoriamente, suas
páginas demonstram a impossibilidade de uma culinária de fato brasileira, seja
pela técnica afrancesada utilizada pelos profissionais, seja pela dificuldade
de uso dos ingredientes locais. Os menus são bastante parecidos e, no conjunto,
representam um retrato fiel da gastronomia no século 19. A entrada é gratuita.
Palestra – O curador da mostra e autor
do livro “Os Banquetes do Imperador” fará uma palestra no dia 20 de maio, às
19h, na Casa Hoffmann. André Boccato iniciou sua carreira em jornais
alternativos da década de 1970, como Opinião, Versus, Movimento e vários
outros, até abrir sua primeira editora em 1980, especializada em poesia e arte.
Ainda na década de 1980 foi diretor do MIS - Museu da Imagem e do Som de SP, e
diretor das Oficinas Culturais Oswald de Andrade. Nos anos 90, foi professor de
Fotojornalismo na PUC- SP e, na ECA-USP, de Editoração. Recentemente lecionou
Antropologia da Alimentação na Universidade Estácio de Sá, em São Paulo.
Representou o Brasil em grandes eventos internacionais, como Ano do Brasil na
França, e Brazilian Taste Festival, durante a Copa do Mundo na Alemanha.
A convite da Câmara Brasileira do Livro
- CBL, para a Bienal do Livro de São Paulo, como curador de gastronomia, criou
o evento “Cozinhando com Palavras”, também apresentado na Feira do Livro de
Frankfurt (outubro de 2013) e no Salão do Livro de Paris (março de 2015). É também
colecionador de menus franceses do período da Belle Époque, tendo feito
exposições e publicações sobre o tema. Também é diretor da Editora Boccato, com
mais de uma centena de publicações, várias delas premiadas no Brasil e no
exterior, dentre elas o livro Os Banquetes do Imperador - 2º lugar Prêmio
Jabuti 2014 e o melhor livro de história e gastronomia - Cookbook Gourmand
Awards 2014.
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