Junto com as apresentações, acontece
também o III Concurso Nacional de Composição Música Hoje, dedicado ao fomento
da produção de música orquestral nova por compositores brasileiros. No
repertório, as três obras finalistas desta edição do concurso, selecionadas
anonimamente por um júri especializado. A obra vencedora será escolhida pelo
público e júri presente nas nos concertos.
Abrindo o concerto, a Orquestra de
Câmara da Cidade de Curitiba realiza a estreia latino-americana de
Ramifications, de György Ligeti (1923-2006) – certamente um dos concorrentes à
distinção de compositor mais importante do século XX. De escrita densa,
polirrítmica e polifônica – ramificada, como o próprio título sugere – esta
obra leva a escrita textural de Ligeti, baseada em redes sonoras, para o
universo de microtonalidade.
Representa a produção própria e icônica
de Curitiba ‘Que grandes silêncios maiores há no alto…’ (2014) de Harry Crowl
(1958), obra dedicada à Orquestra de Câmara da Cidade de Curitiba e estreada no
ano passado sob a regência de Alessandro Sangiorgi. O título foi extraído de um
poema de Fernando Pessoa sob o heterônimo de Álvaro de Campos, no qual o autor
faz uma reflexão sobre os sons que vão desaparecendo ao longo da noite a partir
da perspectiva do morador de um edifício.
Completam o concerto STEMS, de
Alexandre Lunsqui (1969) – obra encomendada pelo Chelsea Musica Festival (EUA,
2014) - e La memoria del agua, de Aurélio Edler-Copes - encomenda Prêmio Cátedra
Manuell de Falla 2007, revisada entre 2007 e 2009, dedicada in memoriam ao
irmão do compositor, Rodrigo. Integrantes de uma pequena plêiade de
compositores brasileiros que fizeram sua carreira no exterior, onde são
amplamente reconhecidos, tocados e premiados, Lunsqui e Edler-Copes coroam o
concerto com um pouco do que há de melhor na música de concerto hoje.
Márcio Steuernagel – Nascido em 1982, é
Mestre em Música pela UFPR, graduado em Composição e Regência pela EMBAP e
Bacharel em Música pela UFPR. Estudou regência com Osvaldo Ferreira,
aperfeiçoando-se em cursos com Daisuke Soga e masterclass com Kurt Masur.
Recebeu o primeiro prêmio no Concurso Nacional de Composição Michel Debost
(2005); o Prêmio Funarte, na XVII Bienal de Música Brasileira Contemporânea
(2007), e o Prêmio Funarte de Composição Clássica (2010). Foi bolsista no 40º
Festival de Inverno de Campos do Jordão (2009), tendo aulas de composição com
Stefano Gervasoni (Conservatório de Paris), e selecionado para o Workshop de
Composição com o duo Friedrich-Schulkowski, promovido pelo Goethe Institut em
Córdoba, Argentina (2009). Em 2011 foi Diretor Executivo da I Bienal Música
Hoje, evento internacional de música contemporânea em Curitiba, e em 2013, foi
Compositor Residente no Visby International Center for Composers, Suécia.
Atualmente, dirige o Madrigal Ars Iubilorum, é membro fundador do Ensemble
entreCompositores, Professor na Escola de Música e Belas Artes do Paraná e
Regente da Orquestra Filarmônica da UFPR.
A Bienal – Pela terceira vez o Ensemble
entre Compositores apresenta em Curitiba a Bienal Música Hoje – festival
internacional de música contemporânea, complementado pelo Seminário de Inverno
de Música Contemporânea em Curitiba – braço acadêmico da Bienal. Com apoio
institucional da Universidade Federal do Paraná, produção da Vlaanderen
Produções Culturais, e em parceria com algumas das mais importantes
instituições culturais da cidade, como Fundação Cultural de Curitiba, Escola de
Música e Belas Artes do Paraná, e Universidade Positivo dentre outras, a Bienal
Música Hoje dá continuidade, após as positivas repercussões das primeiras
edições, ao processo de afirmação de Curitiba como cidade referência no Brasil
dentro da cena internacional de música nova. A Bienal Música Hoje tem como foco
o diálogo entre a produção musical local – tanto de Curitiba quanto do Brasil
como um todo – e o que de mais novo se tem feito na música internacionalmente,
primando sempre pela qualidade musical dos concertos. A Bienal promove, assim,
o encontro entre grupos estabelecidos internacionalmente e compositores
brasileiros, intérpretes locais e estéticas novas, intensificando a
permeabilidade na criação musical, mobilidade e os deslocamentos,
características típicas da cena da música de hoje.Em sua terceira edição, a
Bienal Música Hoje demonstra o seu potencial transformador da cena musical de
Curitiba e do Brasil, afirmando a resistência e renovada criatividade da música
nova.
Os ingressos para o concerto da
Orquestra de Câmara da Cidade de Curitiba custam R$ 30,00 e R$ 15,00 (meia). A
programação completa do festival pode ser conferida no site
www.bienalmusicahoje.com.
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