A Carmesim Espaço de Arte e Design
inaugura nesta quarta-feira (19), às 19h30, a exposição de pinturas do artista
plástico Rodney Rauth. O local é um dos mais novos espaços culturais da cidade,
em funcionamento desde 2014, e tem chamado atenção por estar instalado na
residência Belotti, um dos exemplares representativos da arquitetura modernista
de Curitiba.
Construída em 1953 pelo arquiteto Lolô
Cornelsen, a casa modernista, uma das primeiras da corrente arquitetônica na
cidade, está aberta para visitação pública. Localizada no número 621 da rua Dr.
Faivre, se transformou em espaço cultural após passar por uma grande
restauração, e hoje integra arquitetura, design, gastronomia e artes plásticas.
O espaço reúne trabalhos de artistas como Michelle Behar, Elizabeth Titton,
Cris Maravalhas, Zelle Bittencourt, Claudia de Lara, Sandra Hiromoto, Danilo
Oli, Helena Valenza e Washington Takeuchi.
História – Construída na década de 50
para Medoro e Nine Belotti, a residência modernista foi projetada por Lolô
Cornelsen. Nesta época, Curitiba apresentava um grande crescimento populacional
e também econômico, e residências como esta representaram o progresso da
capital paranaense. Sua arquitetura aproveita a declividade do terreno para
criar um jardim escalonado e, especialmente pelo desnível, seus quartos ganham
privacidade no segundo andar. São destaques os pilotis (que fazem parte dos 5
pontos da nova arquitetura de Le Corbusier) e o portão/painel desenhado
especialmente por Lolô Cornelsen.
A casa de 448 metros quadrados esteve
abandonada por quase nove anos. Em 2012, um casal de investidores – que prefere
não se identificar – comprou a casa da Dr. Faivre e decidiu transformá-la em um
espaço cultural. Para a tarefa, chamaram o designer de interiores Hugo Umberto,
amigo pessoal de Lolô. Também contaram com os trabalhos da arquiteta, urbanista
e engenheira Gabriele Websky Meier, que assina o projeto de restauro. Em quase
12 meses de obras, eles resgataram as formas e características originais,
descartando todas as modificações feitas pelas três famílias que passaram pela
casa ao longo das seis décadas.
Em breve, esta trajetória vai virar um
livro, que contará um pouco da história de Lolô Cornelsen, de Medoro e Nine
Belotti, e das famílias Binz e Pacheco, moradores subsequentes. O livro vai
focar também um acervo de fotos das famílias e de imagens da casa durante seu
abandono, as fotos do restauro, e do espaço finalizado.
Unidade de preservação - Sobrevivente,
a casa da Dr. Faivre é agora uma Unidade de Interesse de Preservação (UIP),
mais flexível do que o tombamento, mas que preserva as características
originais. O enquadramento de um imóvel como Unidade de Interesse de
Preservação é feito com base num decreto municipal, levando em conta as
características históricas e culturais da edificação.
Sobre a UIP existe um inventário, que é
um procedimento prévio ao tombamento – este definido por lei. “Sua
representatividade dentro de uma linguagem estética e arquitetônica, sua
importância no contexto histórico da cidade, os usos da edificação ao longo do
tempo e o valor cultural são aspectos avaliados para definir uma unidade de
preservação”, explica Hugo Tavares, diretor de Patrimônio Cultural da Fundação
Cultural de Curitiba.
Qualquer intervenção numa Unidade de
Interesse de Preservação deve passar pela análise da Comissão de Avaliação do
Patrimônio Cultural da Prefeitura de Curitiba e, como estímulo à sua
preservação, o proprietário tem a possibilidade de transferir ou vender
potencial construtivo. Quando uma unidade é tombada, as regras são mais
rígidas. “O proprietário deve obedecer o que está determinado em lei e está
sujeito a multas e outras penalidades caso não respeite as regras estabelecidas.
O tombamento confere ainda mais garantias de preservação ao imóvel”, diz o
diretor.
Programação - Administrador do espaço,
Hugo Umberto transformou a casa em espaço cultural e organiza exposições e
outros eventos regulares. Na próxima quarta-feira (19) será aberta às 19h30 a
exposição “Elas”, com obras na técnica pastel seco em papel, do artista
plástico Rodney Rauth. A mostra permanecerá em cartaz até 19 de setembro, de
segunda-feira a sábado, das 10h às 22h. Esse é também o horário de funcionamento
da casa, que além da Carmesim Espaço de Arte também abriga lojas de acessórios
e objetos de decoração e o bistrô Marbo Bakery.
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