A Casa da Memória de Curitiba está
reforçando a divulgação de seu acervo para pesquisadores em geral. O local já
atrai interessados inclusive do exterior que buscam informações históricas
sobre a capital paranaense. A unidade, administrada pela Diretoria de
Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (DPHAC) da Fundação Cultural de
Curitiba (FCC), é um centro de documentação e pesquisa especializado, com
enfoque na história de Curitiba, mas que também abriga documentos históricos do
estado do Paraná e alguns registros da América do Sul. A Casa conta com um rico
conjunto bibliográfico, fotográfico, de obras raras e de recursos multimeios.
O diretor do DPHAC, Hugo Moura Tavares,
revela que o acervo é muito procurado por estudantes de ensino médio, de
graduação, pós-graduação e profissionais das áreas de história, arquitetura,
ciências sociais, artes plásticas, design, literatura, museologia, jornalismo e
propaganda.
A Casa da Memória recebe cerca de 80
pesquisadores por mês. “A riqueza dessa documentação pode atrair ainda mais
gente e ser fonte para novas pesquisas”, avalia a coordenadora Marli Stanczyk.
São vastas as áreas de interesse do público
pesquisador, e a procura na Casa da Memória não fica restrita aos curitibanos.
O acervo é utilizado tanto por paranaenses e brasileiros de outros estados,
como também por estrangeiros de vários países, como Portugal, Espanha,
Moçambique, China, Itália e Alemanha, revela Marli.
O Centro de Documentação da Casa da
Memória oferece livros sobre a cidade de Curitiba e o estado do Paraná,
periódicos (jornais e revistas), folhetos, catálogos de exposições e convites
de eventos realizados pela FCC e Prefeitura, entre outros.
A Divisão de Multimeios, por sua vez,
dispõe de negativos fotográficos (em película e em chapa de vidro),
diapositivos (slides, cromos), originais em papel, incluindo cartões-postais, e
originais digitais, além de registros audiovisuais de entrevistas (história
oral), shows musicais realizados no Teatro do Paiol e palestras relacionadas à
área do patrimônio cultural.
Imagens do tempo - “O nosso acervo de
recursos multimeios possui mais de 500 mil imagens fotográficas sobre Curitiba
e algumas cidades do Paraná”, revela o chefe da Divisão de Multimeios, Roberson
Mauricio Caldeira Nunes. São fotos de personalidades, famílias, logradouros,
monumentos públicos, bairros, eventos realizados pela Prefeitura e FCC e por
particulares. Estão armazenadas lá fotos antigas desde a década de 1870 até a
atualidade. “Inclusive, imagens de edifícios que não existem mais, como o Cine
Luz, localizado na praça Zacarias”, acrescenta Nunes.
Já o Setor de Obras Raras possui
plantas arquitetônicas e mapas da capital paranaense e do Paraná e da América
do Sul dos séculos XVIII e XIX. E ainda o original manuscrito em língua
portuguesa arcaica do Livro-Tombo de Curitiba, do final do século XVII. “O
Livro-Tombo é uma espécie de registro de nascimento da Vila de Curitiba”,
explica Marli.
Esse setor também dispõe de livros
originais de dois cemitérios municipais de Curitiba (São Francisco de Paula e
Água Verde), com registros de óbitos até 1950, e também documentos relacionados
às artes gráficas, como embalagens – “Balas Zequinha”, por exemplo – que
marcaram a infância de muitas pessoas. E ainda rótulos de barricas de
erva-mate, que retratam esse importante ciclo econômico do Estado do Paraná,
além de originais de aquarelas e caricaturas.
Leite Quente - Marli e Roberson também
destacam a produção literária de jornalistas, escritores e cartunistas
regionais, de forte sotaque curitibano (e também catarinense) que integram a
coleção “Leite Quente”, de dez volumes de grande importância para entender um
pouco da época – fim de 1980 e início de 1990 – como “Nossa Linguagem”, de
Paulo Leminski; “A Cidade Sem Mar”, de Manuel Carlos Karam; “Curitiba Branca de
Neve”, de Rosirene Gemael; “Os Catarinas do Paraná”, de Deonísio da Silva;
“Atletiba Literário”, de vários autores; e “Noite Quente”, de Paulo Roberto
Marins, uma via-sacra pelos antigos bares de Curitiba. Páginas viradas no
folhetim, mas registradas com muito talento.
Uma ótima sugestão para estudantes de
todos os níveis, do ensino fundamental ao superior, é a coleção “História de
Curitiba” em quadrinhos, editada pela FCC entre 1985 e 1987, com pesquisa de
Eduardo Spiller Pena, desenhos de Flávio Colin e textos dos jornalistas e
escritores Tabajara Ruas e Nelson Padrela. São sete volumes com a magia dos
quadrinhos, que ajudam a conhecer o surgimento e a evolução da capital
paranaense: “Nas trilhas de Coré-Etuba”; “As Bandeiras do Ouro”; “Tropas,
Senhores e Escravos”; “Erva-mate, Sangue Verde”; “As Novas Bandeiras”; “A
Cidade Sorriso”; e “Curitiba: Presente!”.
Outra revista de história em quadrinhos
de Curitiba – um almanaque, na verdade – que ficou apenas na primeira edição
(1993), aborda o período “Das Origens à Proclamação da República”, e foi
elaborada pela historiadora Cassiana Lacerda Carollo e o desenhista Seto. Um
glossário trata de importantes personalidades da história paranaense, como
Eleodoro Ébano Pereira, figura central da fundação de Curitiba; Rafael Pires
Pardinho, o primeiro ouvidor geral da cidade; Zacarias de Góes e Vasconcelos,
primeiro presidente da Província do Paraná; Ildefonso Pereira Correia, o Barão
do Serro Azul, morto no quilometro 65 da ferrovia Curitiba-Paranaguá no fim da
Revolução Federalista (1894); Agostinho Emerlino de Leão, historiador e
defensor do patrimônio cultural paranaense, além de naturalistas estrangeiros
que legaram ricos registros da paisagem, rios e indígenas do Paraná, como o
alemão Robert Avé-Lallemant, o escritor e pintor americano John Henry Elliot, e
o engenheiro inlglês Thomas Bigg-Witther.
Localização - A Casa da Memória está localizada
na rua São Francisco, 319, em área central do Setor Histórico de Curitiba. Os
interessados em consultas e pesquisas também podem utilizar laptop e máquinas
fotográficas digitais (com flash desligado) para seus registros. Marli
recomenda aos pesquisadores que façam agendamento prévio, para facilitar e
agilizar a busca pelo assunto solicitado. Os agendamentos podem ser feitos pelo
site da Fundação Cultural de Curitiba.
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