Uma comédia que promove, por meio de
uma rara combinação entre humor ácido e delicadeza, o encontro marcado que cada
um tem consigo mesmo. Assim pode ser descrita a peça “Azul Resplendor”, que a
atriz Eva Wilma encena no Teatro Fernanda Montenegro, neste final de semana. A
programação foi aberta na terça-feira (5), com uma exposição que narra a
trajetória de 60 anos de carreira e 80 anos de vida de uma das atrizes mais
queridas da dramaturgia brasileira.
Renato Borghi e Elcio Nogueira Seixas
conheceram Eduardo Adrianzén, autor de destaque da dramaturgia contemporânea do
Peru, enquanto realizavam o projeto Embaixada do Teatro Brasileiro (2008/2009)
em países íbero-americanos para promover o teatro brasileiro e incentivar o
intercâmbio entre as dramaturgias produzidas em espanhol e português. O texto
original de “Azul Resplendor”, apresentado por Adrianzén a eles, causou o mesmo
arrebatamento na atriz Eva Wilma. Estava decidido que seria montado no Brasil.
A estréia, em julho, no Teatro
Renaissance, marcou os 60 anos de carreira e 80 de vida da atriz Eva Wilma e
reuniu no palco várias gerações de atores: Pedro Paulo Rangel, Dalton Vigh,
Luciana Borghi, Lu Brites e Felipe Guerra. A montagem conta ainda com Renato
Borghi e Elcio Nogueira Seixas, que dividem a direção pela primeira vez nos
mais de 20 anos de parceria no teatro. Não há homenagem mais perfeita para uma
atriz da envergadura de Eva Wilma que a montagem de uma peça que celebra com
inteligência o próprio fazer teatral.
“Azul Resplendor”, escrita por
Adrianzén em 2005, é um retrato do ofício do ator. Mas um retrato sem retoques.
Apesar de situada na atualidade, a peça revela os bastidores de todos os
teatros em todos os tempos. O texto expõe com clareza e ironia os jogos de
poder, os afetos, as ambições, as inspirações, as vaidades, as ilusões, as
carências, as invenções, as manias e as frustrações dos atores quando se juntam
para ensaiar uma peça. Para desvelar os bastidores dos palcos, o dramaturgo se
valeu de uma galeria de personagens bem conhecidos no mundo do teatro: a
célebre atriz dramática aposentada precocemente, o eterno coadjuvante
recalcado, o diretor arrogante e prepotente, a assistente de direção sem
identidade e os atores jovens em busca de fama e poder a qualquer preço.
Blanca Estela (Eva Wilma) é uma grande
dama do teatro afastada de seu ofício há mais de 30 anos. Inesperadamente, ela
recebe a visita de seu mais devotado fã - Tito Tápia (Pedro Paulo Rangel), um
ator sem nenhuma expressão que passou a maior parte de sua vida cuidando da mãe
doente e fazendo "pontas" no teatro e na televisão.
De posse da herança e com uma peça de
sua autoria escrita em memória da mãe falecida, Tito decide procurar Blanca
Estela para confessar seu antigo amor e lhe fazer uma proposta para que ela
retorne aos palcos como protagonista de sua obra.
Apesar de ter sido um dos maiores nomes
do teatro, Blanca Estela alimenta um amargo desprezo pelo mundo do teatro, o
que motivou sua aposentadoria precoce. Mas, por razões que só ficarão claras ao
final da peça, a grande diva decide aceitar a proposta de Tito, desde que a
peça seja dirigida por um nome de peso. Tito decide chamar o maior diretor
teatral da atualidade: Antônio Balaguer (Dalton Vigh). Considerado um gênio e
cercado por uma equipe que o idolatra, o badalado encenador promete surpreender
o público montando "o espetáculo da década".
"Adrianzén transmite com graça e extrema
agudeza os conflitos que se desenrolam no competitivo universo dos atores. Em
uma época de culto às celebridades, “Azul Resplendor” trata de maneira crítica
e bem humorada o ávido interesse que o público tem dedicado à vida privada dos
artistas", diz Borghi.
“Azul Resplendor” também irá revelar ao
público e aos artistas brasileiros mais um exemplo da excelente dramaturgia
produzida por nossos vizinhos latino-americanos. O espetáculo foi um grande
sucesso no Peru e seu autor, Eduardo Adrianzén, é um dos dramaturgos
contemporâneos de maior destaque no mundo hispânico. Além de teatro, é também
autor de telenovelas, o que lhe oferece um panorama completo da vida dos atores
profissionais.
A encenação é totalmente focada no
trabalho dos atores e sua interação com a luz. O texto de Eduardo Adrianzén
sugere que a cena nua é sustentada apenas pela iluminação e objetos essenciais
à ação.
As apresentações de “Azul Resplendor”
acontecem na sexta-feira (8) e sábado (9), às 21h, e domingo (10), às 19h. O
Teatro Fernanda Montenegro está situado no Shopping Novo Batel (Al. Dom Pedro
II, 255, Batel). Os ingressos custam R$ 80,00 e R$ 40,00 (meia, conforme
legislação). O espetáculo é indicado para maiores de 14 anos. Informações: 3224-4986
ou www.ingresso.com

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