terça-feira, 23 de setembro de 2014

Moção entregue ao TRE pede proteção da arte urbana nas eleições

Com base em denúncias de que candidatos e cabos eleitorais têm destruído e danificado obras de arte urbana em Curitiba, causando um prejuízo inestimável à cultura e à cidade, a Conferência Municipal Extraordinária de Cultura de Curitiba aprovou moção solicitando ao Tribunal Regional Eleitoral do Paraná a adoção de medidas especiais para proteger a arte urbana de Curitiba.
A moção foi entregue na semana passada ao presidente do TRE, desembargador Edson Luiz Vidal Pinto, e ao desembargador Ronaldo Guerra, da 145ª zona eleitoral, responsável pela fiscalização da propaganda eleitoral, pelo presidente da Fundação Cultural de Curitiba, Marcos Cordiolli, pelo presidente da Associação dos Artistas Plásticos do Paraná, Osmar Carboni, e pelo presidente da Comissão de Assuntos Culturais da OAB Paraná, Luiz Gustavo Vardânega Vidal. Na ocasião ficou acertado que denúncias poderão ser enviadas à Fundação Cultural, através do e-mail contato@fcc.curitiba.pr.gov.br, que as encaminhará ao TRE para apuração.
A moção foi proposta pelos representantes de artistas e grafiteiros na Conferência Municipal Extraordinária de Cultura e aprovada pela plenária final no último dia 23 de agosto. A elaboração do documento foi motivada pelas inúmeras denúncias de depredação de arte urbana, e algumas delas em locais públicos vedados à propaganda política. Outras são autorizadas por proprietários de imóveis que recebem pagamento para permitir a propaganda eleitoral.
Participaram da reunião no TRE também o coordenador de Ações Culturais da FCC Getúlio Guerra, e os artistas grafiteiros Michael Devis, Luciano Ventura e Leandro Ventura. Segundo os artistas urbanos presentes à reunião, os danos acontecem em toda a cidade e os prejuízos são inestimáveis.

Preservação – Na oportunidade, o desembargador Edson Luiz Vidal Pinto disse que o maior reconhecimento do trabalho artístico é a sua conservação. “O eleitor deve punir não votando nos candidatos que danificam os trabalhos artísticos”, afirmou.
Para o presidente da Fundação Cultural, a destruição das obras de arte urbana é um ataque aos direitos da cidadania cultural, tanto pelo direito dos artistas quanto da população, que pode apreciar este tipo de arte em todas as áreas da cidade cotidianamente e gratuitamente. “Respeitar estas criações é uma maneira de inserir a arte no cotidiano das pessoas”, disse.
Cordiolli ainda fez um apelo para os candidatos que, mesmo que tenham autorização dos proprietários dos imóveis para utilizar espaços com obras de arte urbana, renunciem a fazê-lo, pois a preservação da arte urbana deve ser uma tarefa de todos. Ele anunciou também que a Fundação Cultural irá lançar uma campanha de preservação da arte urbana.
O presidente da Associação dos Artistas Plásticos do Paraná, Osmar Carboni, também pediu que os candidatos fiquem atentos e não interfiram numa ação cultural que já está posta. “Os murais e os grafismos fazem parte de um projeto de embelezar a cidade, dando visibilidade aos artistas paranaenses”, explicou.
As pessoas têm que compreender que essas obras têm um valor artístico e são patrimônio de todos. A valorização da arte urbana é um movimento universal. Mesmo artistas renomados estão levando sua arte para as ruas, pois essa é uma maneira de sociabilizar a sua produção”, destacou o presidente da Comissão de Assuntos Culturais da OAB, Luiz Gustavo Vidal.
Luciano Ventura, um dos grafiteiros presentes à reunião, disse que considera a atitude dos candidatos um desrespeito ao trabalho dos artistas urbanos. “Essa é a nossa arte”, enfatizou. Ele acredita que, com o apoio do TRE e das demais instituições envolvidas, o comportamento das pessoas pode mudar e a arte urbana será vista “com outros olhos”. Luciano considerou que as autoridades foram muito receptivas ao apelo dos artistas. “Eles entenderam o nosso trabalho e consideraram nossa causa relevante”, afirmou. 

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