quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Em cartaz no Kraide, peça “Jerusalém” discute relações entre torturados e torturadores

A peça “Jerusalém”, baseada no romance homônimo do escritor Gonçalo Tavares, estará em cartaz neste final de semana, de sexta-feira a domingo (8 a 10), no auditório Antonio Carlos Kraide – Portão Cultural. Produzida pelo Grupo P.U.T.O., o espetáculo recebeu várias indicações e levou os prêmios de melhor direção (Rodrigo Hayalla) e melhor iluminação (Erica Mityko) do 27º Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau (SC).
“Jerusalém” estrutura-se nas possíveis relações torturado/torturador existentes em cada encontro entre indivíduos, estabelecendo um paralelo entre os sofrimentos e misérias individuais e os grandes massacres coletivos existentes na história do mundo. O romance de Tavares narra a trajetória de Theodor Busbeck, um médico que desenvolve ao longo de vários anos um estudo sobre a história do horror, buscando uma fórmula que permita prever quais serão os próximos povos a sofrer e a exercer a miséria, a tortura, o horror; numa tentativa frustrada de encontrar uma lógica que resuma a maldade e o sofrimento humanos.
O espetáculo traz a cena cinco personagens - Hanna, Hinnerk, Theodor, Mylia e Johana (esta última retirada de “Um homem: Klaus Klump”, outro romance do mesmo autor) - confinados em Jerusalém, exercendo pequenas torturas para com os outros e também para consigo mesmos, através de diversas formas de violência (física, psicológica, sexual, …). Outra obra embasou as discussões e questões levantadas pelo espetáculo foi o livro “Diante da dor dos outros”, no qual Susan Sontag discorre sobre a ligação entre prazer e repulsa, sentidos quando se está contemplando o sofrimento humano. A referência principal para compor a visualidade de “Jerusalém” foi a obra do pintor Egon Schiele, a partir da qual os atores buscaram a corporificação dos jogos de opressão.

O grupo – O Grupo P.U.T.O. nasceu do encontro de duas companhias distintas - a Assep(C)ia. De Teatro e a Cia. Única, mas de origens bastante semelhantes: ambas formadas por atores que ingressavam no ensino superior para instrumentalizar e problematizar suas práticas artísticas. Por comungar de uma série de referências e procedimentos poéticos, os dois grupos passaram, a partir de 2010, a desenvolver trabalhos em parceria (como os espetáculos Amargo, Base Triangular e Don’Adélia) e finalmente fundiram-se sob a sigla P.U.T.O – “Por Um Teatro Orgasmástico”.
O nome reflete o olhar que o grupo lança para a prática artística e a busca por um teatro propiciador de encontros arrebatadores e transformadores (intensos, viscerais, orgásticos) entre todos os envolvidos no momento da cena. Em sua dramaturgia, busca dialogar com referências que vêm da literatura. Alguns espetáculos foram criados a partir de obras de autores renomados como Adélia Prado, Caio Fernando Abreu, Clarice Lispector, Luci Collin, Gonçalo Tavares e Oscar Wilde.

“Jerusalém” é indicado para maiores de 16 anos e suas encenações acontecem sexta-feira e sábado, às 20h, e domingo, às 18h. Ingressos: R$ 10,00 e R$ 5,00 (meia-entrada). Mais informações:  3229-4458 ou 3345-1197.

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