A peça “Jerusalém”, baseada no romance
homônimo do escritor Gonçalo Tavares, estará em cartaz neste final de semana, de
sexta-feira a domingo (8 a
10), no auditório Antonio Carlos Kraide – Portão Cultural. Produzida pelo Grupo
P.U.T.O., o espetáculo recebeu várias indicações e levou os prêmios de melhor
direção (Rodrigo Hayalla) e melhor iluminação (Erica Mityko) do 27º Festival
Internacional de Teatro Universitário de Blumenau (SC).
“Jerusalém” estrutura-se nas possíveis
relações torturado/torturador existentes em cada encontro entre indivíduos,
estabelecendo um paralelo entre os sofrimentos e misérias individuais e os grandes
massacres coletivos existentes na história do mundo. O romance de Tavares narra
a trajetória de Theodor Busbeck, um médico que desenvolve ao longo de vários
anos um estudo sobre a história do horror, buscando uma fórmula que permita
prever quais serão os próximos povos a sofrer e a exercer a miséria, a tortura,
o horror; numa tentativa frustrada de encontrar uma lógica que resuma a maldade
e o sofrimento humanos.
O espetáculo traz a cena cinco
personagens - Hanna, Hinnerk, Theodor, Mylia e Johana (esta última retirada de
“Um homem: Klaus Klump”, outro romance do mesmo autor) - confinados em
Jerusalém, exercendo pequenas torturas para com os outros e também para consigo
mesmos, através de diversas formas de violência (física, psicológica, sexual,
…). Outra obra embasou as discussões e questões levantadas pelo espetáculo foi
o livro “Diante da dor dos outros”, no qual Susan Sontag discorre sobre a
ligação entre prazer e repulsa, sentidos quando se está contemplando o
sofrimento humano. A referência principal para compor a visualidade de
“Jerusalém” foi a obra do pintor Egon Schiele, a partir da qual os atores
buscaram a corporificação dos jogos de opressão.
O grupo – O Grupo P.U.T.O. nasceu do
encontro de duas companhias distintas - a Assep(C)ia. De Teatro e a Cia. Única,
mas de origens bastante semelhantes: ambas formadas por atores que ingressavam
no ensino superior para instrumentalizar e problematizar suas práticas
artísticas. Por comungar de uma série de referências e procedimentos poéticos,
os dois grupos passaram, a partir de 2010, a desenvolver trabalhos em parceria (como
os espetáculos Amargo, Base Triangular e Don’Adélia) e finalmente fundiram-se
sob a sigla P.U.T.O – “Por Um Teatro Orgasmástico”.
O nome reflete o olhar que o grupo
lança para a prática artística e a busca por um teatro propiciador de encontros
arrebatadores e transformadores (intensos, viscerais, orgásticos) entre todos
os envolvidos no momento da cena. Em sua dramaturgia, busca dialogar com
referências que vêm da literatura. Alguns espetáculos foram criados a partir de
obras de autores renomados como Adélia Prado, Caio Fernando Abreu, Clarice
Lispector, Luci Collin, Gonçalo Tavares e Oscar Wilde.
“Jerusalém” é indicado para maiores de
16 anos e suas encenações acontecem sexta-feira e sábado, às 20h, e domingo, às
18h. Ingressos: R$ 10,00 e R$ 5,00 (meia-entrada). Mais informações: 3229-4458 ou 3345-1197.
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