quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Caixa Cultural Curitiba recebe o carimbó sensual de Dona Onete

O balanço do carimbó com um toque de pimenta. O tempero adicionado ao gênero regional pela paraense Dona Onete fez nascer um estilo “gostoso, feito pra dançar juntinho”: o tal “carimbó chamegado”, espécie de marca registrada da cantora e compositora de 75 anos.
No show “Dona Onete Convida Mestre Vieira”, com apresentações de 14 a 16 de novembro na Caixa Cultural Curitiba, a musa do “carimbó chamegado” mostra toda a sensualidade do ritmo que vem arrebatando plateias no Brasil e no mundo – seu primeiro CD, “Feitiço Caboclo” (2013), está sendo lançado na Europa e nos EUA pelo selo inglês Mais Um Discos.
A estreia em Curitiba, para um público pouco acostumado ao gênero, não intimida a cantora veterana. “Não me preocupo com a receptividade porque sei que o som é tão contagiante que não há como não como se entregar e dançar”, afirma Dona Onete. Ela promete trazer de Belém, onde mora, a flor do jambu, típico tempero da culinária nortista. “Quero que as pessoas saibam como é o tremor na língua”, diverte-se.
Dona Onete divide o palco com um amigo de longa data, Mestre Vieira, precursor da “guitarrada” – um modo singular e dançante de tocar guitarra que desenvolveu na década de 70 e que ganharia repercussão nacional nos anos 1990, com o sucesso de grupos como Calypso. “Nossa parceria dá muito certo. Nesse show vamos apresentar algumas referências da lambada, do carimbó e do ver-o-peso”, diz a cantora.
Há também canções de sua autoria, presentes em Feitiço Caboclo, como Proposta indecente, Amor brejeiro, Poder da sedução, Moreno Morenado, Feitiço Caboclo e Jamburana. Além do carimbó, as músicas do show dão conta de outros ritmos como a toada de boi-bumbá, a salsa caribenha, o brega, o samba e até o rap.
Mestre Vieira entra em cena para tocar algumas de suas músicas mais conhecidas, como Lambada do Rei, Pegando Corda e Cidade Linda. A banda é formada por Pio Lobato (guitarra), Breno Oliveira (baixo), Vovô (bateria), JP Cavalcante (percussão) e Daniel Serrão (sax e teclado).

Trajetória - O envolvimento de Dona Onete com a música regional é bem anterior à sua descoberta como “musa do carimbó chamegado”. Durante 25 anos, ela foi professora de história, secretária de cultura e fundadora de grupos de dança e música regional, como o Canarana, na cidade de Igarapé-Miri, um reduto tradicional de boa música no Paraná. A sorte seria lançada com a mudança da cantora, nascida em Cachoeira do Arararí, para Belém.
Na frente da minha casa, ensaiava um grupo de carimbó chamado Raízes do Cafezal. Um dia resolvi descer e dar uma palhinha num desses ensaios. Nessa época, fui descoberta e chamada para ser cantora no grupo Coletivo Rádio Cipó (grupo pop com raízes regionais). Desde então, tudo foi acontecendo naturalmente, nada foi premeditado”, lembra.
Mas, como surgiu o chamego no carimbó, pitada de pimenta que fez de Dona Onete, dona de uma voz rouca e sensual, “queridinha” da nova geração da música paraense? A cantora conta que sempre viu beleza e sensualidade no ritmo do carimbó. “As meninas que dançavam no meu grupo de carimbó eram muito bonitas e dançavam de tudo: carimbó, lundu, ciriá… Todos ritmos paraenses. Essa mistura resulta num gingado único, tipicamente paraense. O nome chamegado é derivado disso, um ritmo gostoso que é bom pra dançar juntinho, mas não se restringe apenas ao carimbó”, conta ela, que tem canções gravadas por Gaby Amarantos, entre outros artistas.
O pé na estrada para mostrar ao mundo os ritmos de Feitiço Caboclo não impedem Dona Onete de planejar o lançamento de um novo disco, já a caminho. “Vai se chamar ‘Banzeiro’ e vem cheio de boleros chamegados, carimbó e Bangui”, entusiasma-se.

Recomendado para maiores de 14 anos, o show “Dona Onete Convida Mestre Vieira” acontece sexta-feira e sábado, às 20h, e domingo, às 19h, com ingressos custando R$ 20,00 e R$ 10,00 (meia, conforme legislação e correntistas que pagarem com cartão de débito Caixa). Mais informações: 2118-5111. 

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