O Teatro Guaíra inaugura nesta
terça-feira (11), às 17h, um espaço permanente com fotografias e textos que
mostram a trajetória de Salvador de Ferrante, um homem idealista e amante das
artes. O público poderá visitar a exposição na antiga sala de fumantes, que
fica ao lado do auditório que leva seu nome. A entrada é franca.
Todas as fotos e textos originais,
escritos à mão por Salvador de Ferrante, pertencem ao acervo da família e foram
cedidos por sua filha, Céres de Ferrante, que também faz a curadoria do evento
em parceria com o ator e diretor Áldice Lopes.
Salvador de Ferrante apreciava todas as
manifestações culturais, mas sua paixão sempre foi o teatro, para o qual
dedicou toda a sua vida. Foi funcionário dos Correios e Telégrafos, mas sempre
lutou por seu sonho maior que era o de criar um espaço que se chamaria “Palácio
das Artes”, local onde os artistas se fariam suas manifestações.
Em 1925, Ferrante criou a Sociedade
Theatral Renascença, unindo grupos amadores que atuavam na cidade, e o seu
primeiro endereço foi o Theatro Guayra, na Rua Dr. Muricy, onde realizou
inúmeras apresentações de peças teatrais, óperas e operetas, sempre destacando
autores nacionais. Foram 98 espetáculos que influenciaram a história cênica da
cidade.
O homenageado se tornou um ícone do
teatro amador. Era com seu salário como funcionário dos Correios que ele
ajudava os grupos que passavam por Curitiba, pagando despesas com a alimentação
e estadia. Foi sempre muito dinâmico e atuou em várias frentes para o
reconhecimento do teatro curitibano. Entre suas conquistas estão a criação da
Escola Teatral Paraná e a participação na fundação da Sociedade Orquestra
Paranaense.
Em 23 de agosto de 1935, Salvador de
Ferrante morreu depois de ser picado por uma aranha. Sua morte prematura, aos
42 anos, o impediu de continuar lutando pelo tão almejado sonho.
Dois anos após sua morte, o antigo
Theatro Guayra foi demolido e reconstruído a partir de 1952 em outro endereço,
na Praça Santos Andrade, agora ocupando um quarteirão inteiro. O primeiro
auditório do local, inaugurado em 1954, foi batizado como Salvador de Ferrante,
eternizando o nome do filho de imigrantes italianos que sonhou, lutou e
concretizou o pioneirismo do teatro amador em Curitiba. Nascia aí o “Palácio
das Artes”, tão idealizado por ele.
O Auditório Salvador de Ferrante foi
inaugurado pelo então presidente da República, Café Filho, e pelo governador do
Estado, Bento Munhoz da Rocha Netto. a primeira peça apresentada foi “Vivendo
em Pecado”, de Terence Rattigan, com Dulcineia de Moraes. O espaço é um dos
mais importantes do cenário artístico paranaense, com capacidade para acomodar
496 pessoas, entre a plateia e o balcão, e hoje recebe companhias nacionais e
internacionais. Foi ali que nasceram projetos de destaque como o Teatro
Experimental (1956) e também o Teatro de Comédia do Paraná (1962).
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