sexta-feira, 26 de abril de 2013

Espetáculo de grupo mineiro em cartaz no Cleon Jacques

O espetáculo “Máquina de Pinball”, encenado pela companhia “O Coletivo”, de Belo Horizonte (MG), tem apresentações gratuitas às 20h de sábado e domingo (27 e 28), no Teatro Cleon Jacques. A adaptação livre do texto da escritora gaúcha Clarah Averbuck, dirigida por Gil Esper, leva ao palco o retrato de uma geração que presenciou as mudanças comportamentais e os conflitos dos desejos particulares e coletivos, desde a década de 80.
Ganhadora do prêmio Funarte Miriam Muniz de Teatro 2007 e do Prêmio Procultura 2010, a montagem utiliza uma linguagem fragmentada, que evoca símbolos e imagens do cotidiano dos jovens, como litros de álcool, cigarros, beijos, vexames, músicas, paixões relâmpagos e o universo dos meios de diálogo pós-contemporâneo.
A história de Camila, uma jovem de vinte e poucos anos, escritora, viciada em anfetaminas e em baladas, aproxima a dramaturgia de conceitos existenciais e universais inerentes a todas as épocas. A partir de citações e referências aos textos de Álvaro de Campos, John Fante e Bukowski, os atores Priscilla D`Agostini, Rodrigo Fidelis e Isaque Ribeiro - que utilizam um jogo cênico sobre solidão, amor, relacionamentos e vícios - recriam uma perspectiva atual, conjugando, assim, a liquidez da era do videoclipe e da internet com os anseios das gerações anteriores. 
As características dos textos de Clarah Averbuck mantêm-se no espetáculo. O humor, a ironia e o desprendimento para falar de temas complexos, como a solidão, o vício e as dificuldades de sobrevivência, reafirmam a ideia que deu título à peça. Se hoje se trata de uma raridade, a máquina de pinball, famosa nos anos 70 e 80, metaforiza a vida como um jogo de perdas e ganhos, não apenas doloroso, mas também como embate lúdico. "É um humor típico de quem cresceu nos anos 80, vendo muita televisão, lendo histórias em quadrinhos, escutando rock e suas derivações e percebendo que o mundo sério dá errado, na maioria das vezes. Mas, nesse caso, nos apoiamos em Caetano e pensamos que pode ser diferente”, analisa o diretor Gil Esper. Assim como nos textos de Averbuck, suspende-se o juízo de valor. O espectador é convidado a deixar uma postura passiva e permissiva e construir diversos sentidos, de acordo com a sua vivência.
Além da possibilidade de dramaturgia, “Máquina de Pinball” verbaliza as propostas de pesquisa de “O Coletivo”. Estéticas distintas de criação, com atores e equipe com formações e linhas diferentes, fortalecem uma linguagem híbrida. A referência imagética passa pelas mídias contemporâneas - como a Internet, a televisão, o blog e as animações - permeada pelo movimento, pela imagem e pelo som, ganhando equilíbrio. 

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