quarta-feira, 2 de julho de 2014

“O Incrível Segredo da Mulher Macaco” mistura suspense e humor na Caixa Cultural Curitiba

Uma história desmiolada e sangrenta, repleta de piadas, revelações bombásticas e referências a clássicos do cinema e da literatura. Resultado de uma parceria entre o autor e diretor Saulo Sisnando, do Pará, e os atores Rodrigo Fagundes e Wendell Bendelack, do Rio de Janeiro, o espetáculo “O Incrível Segredo da Mulher Macaco” manipula gêneros como suspense, comédia, terror e policial para homenagear o cinema norte-americano e a literatura inglesa.
O trio ainda não se conhecia quando, em 2009, Fagundes e Bendelack viajaram a Belém para apresentar uma peça e foram procurar Sisnando no teatro onde ele se apresentava. “Eu estava me preparando para entrar em cena quando alguém disse: ‘Olha, tem dois rapazes da novela querendo falar com você’. Trocamos algumas palavras e, meses depois, nos encontramos em São Paulo, onde conversamos sobre cinema e Agatha Christie”, conta.
Nascia assim a comédia escrita em solo paraense e encenada no Rio de Janeiro. No palco, os dois atores revezam-se para encarnar seis personagens parodiados do romance “O Morro dos Ventos Uivantes”, da inglesa Emily Brontë: uma heroína preocupada com os preparativos de seu casamento, um noivo milionário, uma criada malévola, um desconhecido em busca de abrigo, uma matriarca paralítica e uma atriz de cinema com identidade falsa. Contam, para isso, com a participação em cena do ator Renato Bavier e a voz em off da atriz Malu Mader.
Sisnando lembra que, mesmo à distância, a sintonia entre ele e os dois atores foi perfeita. “Conseguimos erguer o esqueleto do espetáculo em uma semana e fazer nosso primeiro ensaio corrido logo em seguida. São atores muito criativos, que muitas vezes ensaiavam sozinhos. Quando eu os encontrava, o espetáculo estava diferente e sempre melhor. Cabia a mim apenas aparar as arestas com um olhar de diretor”, explica.

Peças-filmes - Cearense radicado em Belém desde os anos 1980, Sisnando é hoje um dos mais populares autores paraenses, graças às suas “peças-filmes”, que aliam as linguagens do cinema e do teatro. Leitor voraz de literatura de terror e cinéfilo de carteirinha, ele mergulhou de cabeça no universo noir em “Quatro Versus Cadáver”, de 2009, e nos melodramas norte-americanos da década de 50 na peça “O Misterioso Desaparecimento de Deborah Rope”, de 2011, inspirada nos filmes de Douglas Sirk. 
Como minha pesquisa busca uma interface entre cinema e teatro, o melodrama surge como uma forma de estabelecer esse diálogo entre as duas artes, pois é um gênero teatral que foi muito bem absorvido pelo cinema e está presente em outro produto audiovisual muito querido dos brasileiros, a telenovela”, diz.  Em “O Incrível Segredo da Mulher Macaco”, o cinema não aparece como uma referência direta textual ou pelo já costumeiro uso das projeções, mas na escolha da trilha sonora, dos cortes, da maquiagem, do figurino, da iluminação e das interpretações.
Para transpor o terror ou qualquer outro gênero cinematográfico para o palco, o diretor de 36 anos afirma que, é preciso utilizar “armas” teatrais, e não cinematográficas. “Cada arte tem suas ferramentas. É tolice levar o cinema do jeito que ele é para o palco, assim como é sempre sofrível ver um teatro filmado. Quando fazemos um espetáculo cinematográfico, precisamos ter em mente que ele é o convidado de honra, mas o dono da festa é o teatro”, explica.
As encenações de “O Incrível Segredo da Mulher Macaco” acontecem nos dias 3, 5 e 6 de julho, quinta-feira, às 20h; sábado, às 18h e 21h; e domingo, às 19h, com ingressos custando R$ 10,00 e R$ 5,00 (meia-entrada). Mais informações: 2118-5111. A peça é recomendada para maiores de 14 anos.

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