Uma das mais importantes peças teatrais
do século XX, escrita pelo alemão Peter Weiss, ganha montagem inédita do
diretor paranaense Jul Leardini. “A Perseguição e Assassinato de Jean-Paul
Marat”, ou “Marat-Sade” como ficou conhecida, será apresentada dos dias 2 a 10 de agosto, às 20h (dia
10, sessão extra às 16h), no Teatro da Reitoria, em Curitiba. Pouco
encenada no Brasil devido à sua complexidade, mas bastante popular ao redor do
mundo, a peça conta com 23 pessoas no elenco, entre atores, cantores e músicos.
Destaque para as participações do maestro Álvaro Nadolny e dos atores Dimas
Bueno (como Jean-Paul Marat), Gerson Delliano (como Marquês de Sade) e Sérgio
Silva (como Jacques Roux).
“Marat-Sade” é uma ópera moderna escrita
em 1965 que se passa em 1808 e discute fatos relacionados à Revolução Francesa,
em 1789 e 1793. Leardini explica que o texto de Peter Weiss faz parte do teatro
épico-dialético, que busca a realização de obras não dramáticas, com atenção
especial às discussões sociais, políticas e filosóficas. “Neste momento, em que
uma espécie de marasmo político e ideológico faz-se presente pelo fracasso
geral das instituições políticas e dos modelos político-sociais, essa peça
reacende a antiga discussão sobre o engajamento e a postura individual frente à
situação atual”.
A montagem traz ainda doses de humor
característicos do teatro épico e muita movimentação musical. Fazem parte dos
personagens quatro cantores de rua, auxiliados por um coro que representa o
povo. No enredo, os integrantes de um sanatório são preparados pelo Marques de
Sade para apresentar uma peça aos convidados do diretor da instituição. “É o
metateatro, ou seja, uma peça dentro de outra, o teatro discutindo o teatro, os
meios de produção teatral sendo discutidos na própria peça. O público vive uma
situação dupla, de espectador dessas duas peças”, observa o diretor Jul
Leardini.
A história tem como palco a sala de
banhos do sanatório, onde se realizam os modernos tratamentos dos supostos
doentes mentais, presos pelo regime monarquista de Napoleão Bonaparte. Ali,
acontecem as discussões e o confronto de perspectivas diversas, discutindo
pensamentos políticos e filosóficos em uma época de revolução. Entre os
personagens estão Marat, o revolucionário; Marquês de Sade, o liberal;
Coulmier, o conservador; Duperret, o reacionário; Padre Roux, o extremista; e
Charlotte Corday, a imobilista. “A peça é de grande atualidade pela discussão:
em meio à revolução, a contraposição de ideias e ideais”, diz Leardini.
Produção - A montagem conta com a
participação de integrantes do GE’BRECHT, Grupo de Estudos Brechtianos e da
Companhia Êxedra – Pesquisa e Experimentação Teatral. Traz a participação de
grande elenco misturando veteranos do teatro paranaense e novos talentos
oriundos da FAP-PR, escolas e grupos de teatro de Curitiba. Conta, ainda com
participação de músicos e cantores da cidade, além do maestro Álvaro Nadolny
nas partituras e preparação do coro. A peça é uma produção da Ditirambo Eventos
Culturaise e está sendo realizada com apoio do Mecenato Municipal, através da
Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Curitiba, com o incentivo fiscal das
empresas Banco do Brasil e Furukawa.
Diretor - “Natural de mundo” – como
costuma dizer – Jul Leardini é graduado em Filosofia pela UFPR e Cinema e Vídeo
pela CINETV-PR; diretor e fundador do GE’BRECHT. Atua há mais de 30 anos na
área cultural. Já produziu, dirigiu e atou em mais de 100 projetos. Ao longo
dos últimos 15 anos, tem focado suas pesquisas no teatro Épico-Dialético e no
teatro não dramático, que é centrado nas pesquisas do alemão Bertolt Brecht e
Erwin Piscator, entre as décadas de 1920 a 1950 e continuada pelo Berliner
Ensemble, de Berlim.
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