quinta-feira, 11 de junho de 2015

Peça "Incêndio" começa temporada na Casa Hoffmann

A Casa Hoffmann – Centro de Estudos do Movimento recebe, na próxima sexta-feira (12), a estreia da peça “Incêndio”, de Ana Ferreira. O trabalho solo da artista e pesquisadora cênica fica em cartaz até o dia 28 de junho com exibições de sexta a domingo, às 20h.
“Incêndio” mescla performance, teatro e dança e para Ana Ferreira, integrante do Agora Coletivo, a dramaturgia do projeto estabelece níveis sobrepostos de narrativa: mítico, episódico e autorreflexivo.
No primeiro, o fogo aparece como a fonte da vida, como aquilo que nos consome o tempo todo e, desse modo, é a própria essência da existência. Dele, decorre o segundo, uma ficção inspirada pelo poema “A voz do povo de Hölderlin”. Nela, um grupo de pessoas se joga num incêndio ao invés de combatê-lo. Este desejo pela morte é colocado pelo poeta num lugar de sublimação. Ao contrário de uma recusa da vida, é uma atração muito grande por sua característica maior: o consumo, o acabar, o passar. Este lugar do mergulho no abismo é, para Hölderlin e para este espetáculo, também o da arte, da onde surge o nível autorreflexivo ou performativo da peça. Seu discurso chama a atenção para a posição em que a atriz se coloca no palco e a que o próprio público se põe ao ir ao teatro: a da busca por esta intensidade que está intimamente ligada ao vazio, ao desapego, ao deixar passar, deixar morrer.
O projeto se designa um work in process, pois pretende continuar explorando formas do público se encontrar com este incêndio. Este primeiro formato investe mais na duplicidade entre realidade e ficção. A atriz se apresenta como “si mesma”: uma imagem preparada e artificial de si, ao mesmo tempo em que inevitavelmente um “si” que, no agora fugaz, é presença real e tem algo de incontrolável. Assim, a metáfora do fogo se faz na relação entre clareza, iluminação, versus descontrole e o incomunicável do corpo presente.

Sobre a artista - Ana Ferreira é mestre em Letras pela Universidade Federal do Paraná, onde estudou a forma paradoxal através da qual James Joyce tece uma rede de associações no complexo romance Finnegans Wake (1939), algo que Ana Ferreira busca investigar cenicamente neste projeto solo, bem como a sobreposição de níveis narrativos realizada pelo autor.
Recentemente, a artista deu início a um novo projeto de parcerias criativas, o Agora Coletivo, cujo primeiro trabalho a assinar é o solo Incêndio. O grupo busca empreender formas diversas de interação com o público e investiga uma dramaturgia contemporânea.

A Casa Hoffmann está situada na Rua Claudino dos Santos, 58, Largo da Ordem e o espetáculo “Incêndios” é indicado para maiores de 16 anos e tem ingressos a R$ 10,00 e R$ 5,00 (meia).

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