Em mais um passo para humanizar o
espaço público da cidade, a Prefeitura de Curitiba anunciou nesta sexta-feira
(18) a implantação na região central da Área Calma – perímetro dentro do qual
os veículos deverão circular a uma velocidade máxima de 40 quilômetros por hora
(veja o mapa). A redução de velocidade, já adotada com bons resultados em
outras grandes cidades, será fiscalizada a partir de novembro e virá associada
a outras medidas, como a criação de vagas vivas, plantio de árvores,
sinalização turística para pedestres e obras de melhoria da acessibilidade.
O objetivo é criar um ambiente de
melhor convivência no trânsito, estimular o compartilhamento do espaço por
diferentes modais de transporte e aumentar a segurança para pedestres,
ciclistas e motoristas, reduzindo o número de acidentes.
A Área Calma será delimitada pela Rua
Inácio Lustosa, Rua Visconde de Nacar, Rua André de Barros, Rua Mariano Torres,
Rua Luiz Leão e Avenida João Gualberto. A região abriga vários polos geradores
de tráfego, como colégios, shopping centers, terminais de ônibus, hospital e o
Centro Histórico.
Nos próximos 40 dias a Secretaria
Municipal de Trânsito vai implantar a nova sinalização na região. Nesse período
também serão desenvolvidas ações educativas, com distribuição de materiais para
pedestres, ciclistas, motociclistas e motoristas explicando o funcionamento da
Área Calma. A fiscalização do respeito aos limites de velocidade nas ruas do
perímetro deverá ser iniciada no dia 16 de novembro.
A região tem 133 cruzamentos
semaforizados, dos quais 12 serão monitorados por fiscalização eletrônica
(radares) para garantir o respeito à velocidade máxima de 40km/h e o respeito à
sinalização. Radares estáticos (colocados sobre tripés) também serão utilizados
na fiscalização do trânsito na Área Calma.
Além da nova sinalização, o projeto
prevê a revitalização da sinalização já existente na região e também a
construção ou adaptação de rampas de acessibilidade para melhorar as condições
de deslocamento para pessoas com mobilidade reduzida. Haverá ainda a instalação
de vagas vivas (parklets) em alguns pontos, substituindo vagas de
estacionamento existentes.
A Prefeitura também realizará um plano
especial de manejo e plantio de árvores na região da Área Calma, para aumentar
a absorção de poluentes e melhorar a qualidade do ar – no perímetro delimitado,
estão localizados diversos espaços verdes da cidade, como o Passeio Público e
as praças Santos Andrade, Tiradentes, Carlos Gomes, Osório e Rui Barbosa.
“Não se trata apenas de um projeto de
redução de velocidade. A promoção da segurança no trânsito é um objetivo
importante, e Curitiba tem obtido sucesso, com redução de mais de 30% nas
mortes por acidente em cinco anos. Mas a Área Calma é mais que isso – é parte
do esforço que a Prefeitura vem fazendo para promover a convivência harmoniosa
e tornar o espaço público mais humano”, diz o prefeito Gustavo Fruet.
O prefeito relatou que o projeto partiu
de um questionamento: “Queremos o espaço público para transportar mais carros
ou para transportar mais pessoas?”. Ele lembrou que Curitiba caminha para ter
um automóvel por habitante. “É justo que as pessoas desejem ter um carro, assim
como querem ter uma casa. Sabemos que haverá alguma resistência à medida e não
queremos fazer disso um embate. Mas é preciso compreender que o espaço público
tem que ser compartilhado por todos”, afirmou Fruet.
De acordo com o prefeito, a redução da
velocidade tende a dar fluidez ao tráfego e poupar vidas.
Velocidade x acidentes - A Prefeitura
de Curitiba participa desde 2010 do projeto Vida No Trânsito, uma ação mundial
que tem como meta diminuir os números de mortes no trânsito das cidades
participantes em 50% em 10 anos (até 2020). Organizado pelas secretarias
municipais da Saúde e de Trânsito e realizado em parceria com órgãos
municipais, estaduais e federais e com entidades da sociedade civil, o projeto
faz análises dos acidentes com vítimas fatais ocorridos em Curitiba,
identificando os principais fatores e condutas de risco.
Nas análises realizadas desde o início
do projeto, os principais fatores e condutas de risco que levam a acidentes
fatais são ligados à alta velocidade dos veículos, ao desrespeito à sinalização
existente e também a problemas na infraestrutura.
A região central de Curitiba concentra
um grande volume de pedestres. Por ali circulam diariamente em torno de 700 mil
pessoas, na maioria usuários das 200 linhas de ônibus que passam na área, com
21 locais de paradas (entre terminais, pontos e estações), e que se destinam a
locais de grande concentração, como praças, hospitais, shoppings e o setor
histórico.
Entre 2012 e 2014, foram registrados
1.173 acidentes na região central, que inclui a Área Calma, dos quais 106
resultaram em mortes – e, destes, a maioria foram atropelamentos (46) e
colisões (41). Apenas na região da Área Calma, 24 pessoas morreram em acidentes
de trânsito nesse período – 12 delas por atropelamento.
“Além do aspecto humano, que é o mais
importante, esses acidentes têm um custo alto para a Saúde no tratamento de
traumas”, afirma o prefeito.
“Estudos realizados no mundo inteiro
mostram que a partir de uma velocidade de 40km/h do veículo, o risco de um
pedestre morrer ao ser atropelado aumenta exponencialmente”, diz o diretor de engenharia da Secretaria
Municipal de Trânsito, Mauricio Razera. Com o veículo a 40km/h, há 20% de risco
de lesão fatal; a 50km/h, o risco sobe para 50%; a 60km/h, chega a 80%; e, a
partir de 70km/h, 100% de risco. “Quanto maior a velocidade, menor o tempo para
o condutor frear e evitar um acidente, pois o veículo numa velocidade maior
percorre uma distância também muito maior antes de frear completamente”,
explica.
A Área Calma envolve todos os que
participam do trânsito na cidade, com enfoque na segurança dos mais vulneráveis
– pedestres e ciclistas. “A diminuição da velocidade e a convivência pacífica
são fatores para a redução de acidentes e atropelamentos. Com os veículos
circulando em velocidade mais baixa na região central, a convivência entre
pedestres, ciclistas, motociclistas e motoristas deverá se tornar mais segura e
harmoniosa, permitindo um maior compartilhamento das vias e sem a perda da
mobilidade nessa área da cidade”, diz a secretária municipal de Trânsito, Luiza
Simonelli.
Além da Setran, o projeto da Área Calma
envolve o Ippuc e as secretarias municipais de Obras Públicas e de Meio
Ambiente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário