terça-feira, 17 de setembro de 2013

Esculturas de João Turin voltam às ruas de Curitiba em novembro

As três obras do escultor paranaense João Turin (1878-1949), que pertencem ao município de Curitiba, devem retornar aos seus lugares de origem em novembro deste ano. A estátua de Tiradentes no marco zero da cidade, a peça Luar do Sertão na rotatória ao lado da sede da Prefeitura e a águia que faz companhia a Rui Barbosa na Praça Santos Andrade estão sendo restauradas pelo Atelier João Turin com o acompanhamento da Fundação Cultural de Curitiba.
Após a retirada da escultura de Tiradentes, em julho deste ano, foi encontrada uma garrafa com manuscrito datado de 25 de janeiro de 1932 que relata a mudança de posição do monumento e revela existência de uma nova cápsula do tempo sob o pedestal do monumento na Praça Tiradentes. O documento revela que a segunda garrafa conteria uma edição do jornal O Dia, assinaturas e moedas de cobre e níquel. Na oportunidade o prefeito Gustavo Fruet autorizou a busca pela segunda garrafa, mas após estudos de viabilidade a Prefeitura de Curitiba optou por deixar intacto o local onde foi deixado o artefato.
Para o diretor de Patrimônio da Fundação Cultural, Mauro Tietz, como o conteúdo da segunda cápsula já é de domínio público o resgate foi descartado. “Além dos custos, a operação poderia trazer prejuízo ao patrimônio histórico da cidade. O pedestal foi construído com uma técnica de encaixe que já não existe mais e um procedimento delicado como este poderia ser um risco”, alerta Mauro.

Preservação - A restauração das três peças faz parte de um projeto maior, que envolve todo o acervo de João Turin, reconhecido como um dos maiores artistas paranaenses. A Fundação Cultural de Curitiba acompanha o trabalho desde a retirada das obras que integram o patrimônio do Município até a restauração e devolução aos locais originais.
Os trabalhos de restauração e confecção de moldes foram iniciados no Atelier João Turin, há cerca de dois anos, depois que os direitos sobre o acervo do escultor foram comprados pelo colecionador curitibano Samuel Ferrari Lago. Foi realizado um levantamento do acervo e, após negociações entre a família Lago, o poder público e descendentes de Turin o projeto foi viabilizado. Maurício Appel, gestor do acervo, diz que é a primeira vez que uma restauração ponta-a-ponta da obra de um artista é realizada no Brasil. O trabalho, conta, chamou a atenção até do Ministério da Cultura, que está acompanhando o processo, pelo interesse museológico.

Complexidade – Atualmente estão sendo trabalhadas as peças maiores, que também são mais complexas. Cada estátua leva, em média, um mês para ser restaurada e ter seu molde retirado.
A onça de Luar do Sertão, por exemplo, exposta ao ar livre desde 1969, estava a ponto de perder a cauda. A águia, na praça desde 1936, também estava “bastante agredida”, segundo Appel. “O mais interessante é que percebemos que as pessoas se preocuparam com as obras depois que as retiramos. Isso mostra que elas gostam das esculturas, consideram que os bens também são delas”, ressalta Appel. Ele prevê que a estátua de Tiradentes também deve dar trabalho, pois está desde 1938 exposta ao tempo.
Os moldes que estão sendo feitos permitirão que essas e outras obras de Turin sejam multiplicadas. Normas do mercado preveem um limite de 12 reproduções de cada trabalho, que ainda assim continuam sendo consideradas obras originais. Appel relata que o escultor tinha dificuldade para reproduzir suas obras, devido à pouca estrutura da fundição artística em Curitiba na época. Assim, grande parte das obras ainda é única.

Mostra - As obras deverão ser expostas em Curitiba, no ano que vem. Mais cinco capitais brasileiras devem receber a mostra, bem como Bruxelas - onde Turin estudou, na Real Academia de Belas Artes - e Nova York. Também há a possibilidade de a exposição seguir para Paris, onde o artista viveu entre 1911 e 1922.
As novas reproduções também poderão ser comercializadas ou expostas em mais locais . A prioridade, ressalta Appel, será para museus ou outros espaços abertos ao público. Apesar de os direitos de propriedade das obras pertencerem à família Lago, os direitos autorais continuam sendo da família de Turin. Foi Appel quem mediou as conversas entre as duas famílias para que o projeto pudesse sair do papel.

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