sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Jocy de Oliveira apresenta pela primeira vez uma ópera em Curitiba

No palco uma atriz e um músico, imagens projetadas em uma tela e uma composição sobre o universo feminino, com uma narrativa que aborda personagens míticos. Assim é “Solo”, a pocket ópera de Jocy de Oliveira, que estreou em Brasília em 2007 e foi apresentada com sucesso em Berlim, Salzburg, Rio de Janeiro e Campos do Jordão. Agora será a vez de Curitiba receber a ópera, em uma montagem especial na Capela Santa Maria, neste final de semana, dentro do projeto “Ópera Ilustrada”, da Fundação Cultural de Curitiba.
A apresentação desta ópera não é por si algo comum, mas há um ingrediente a mais nesta montagem. Jocy de Oliveira é curitibana e não se apresenta na sua cidade natal desde 1971. Nunca teve em Curitiba uma ópera montada e mesmo quando lançou discos importantes como pianista, o fez em outros centros. A artista confessa que possui uma certa mágoa dos gestores culturais de Curitiba por este lapso em sua carreira, que é repleta de realizações e encontros importantes. “Jocy é pioneira e sua arte é uma referência em música contemporânea. Eu sinto-me absolutamente honrado por trazê-la a Curitiba para, enfim, apresentar aqui uma ópera dentro da sua linguagem contemporânea e que traz grandes artistas como a cantora Gabriela Geluda e o oboista Ricardo Rodrigues”, diz o produtor Alvaro Collaço, que enfatiza. “Esta é uma montagem histórica em Curitiba”.
“Solo” é ópera concebida por cenas inéditas com a soprano/atriz Gabriela Geluda ao vivo e em vídeo uma releitura de segmentos das óperas multimídias de Jocy de Oliveira. O roteiro não possui uma narrativa linear e permeia entre personagens míticas (La Loba, Medea, a Diva), recriando o imaginário feminino e construindo através de imagens e mitos um espetáculo plástico e sonoro. “Algumas peças têm como ponto de partida melodias renascentistas e medievais, reconstruídas numa abordagem contemporânea em busca de universo atemporal”, escreveu Jocy de Oliveira no texto do programa. “Solo” tem, ainda, uma participação especial: em telão surge a atriz Fernanda Montenegro, que interpreta numa gravação única e marcante a personagem de uma “Diva”.

Reconhecimento internacional - Curitibana de nascimento, Jocy de Oliveira recorda-se de ter tocado na cidade em programações da Sociedade Scabi, Clube Curitibano e Thalia, isso nos anos 40. Ela é um dos símbolos da música contemporânea no país, pioneira no desenvolvimento de um trabalho multimídia no Brasil, envolvendo música, teatro, instalações, textos e vídeo. É a primeira entre os compositores nacionais a compor e dirigir suas óperas. Compôs, roteirizou e dirigiu 11 espetáculo cênicos, sendo 8 óperas, apresentadas em diferentes países. Membro da Academia Brasileira de Música, recebeu vários prêmios como Guggenheim Foundation (2005), Rockfeller Foundation (1983-2007), Bogliasco Foundation, CAPS, do New York Council on the Arts, Fundação Vitae e RioArte, entre outros.
Em 2008, lançou um box com 4 DVDs compilando 6 óperas, com distribuição internacional pela Naxos. Foi solista sob a regência de Ígor Stravinsky e apresentou várias primeiras audições de compositores que a ela dedicaram obras, como Iánnis Xenakis, Luciano Berio, Cláudio Santoro e John Cage. Como pianista e compositora gravou 22 discos, entre os quais a obra pianística de Olivier Messiaen, gravado nos Estados Unidos. Autora de 5 livros publicados no Brasil e nos Estados Unidos. Seu quinto livro, "Diálogo com Cartas" traz fac-similes de cartas com Stravisnky, Luciano Berio e John Cage, entre outros.

Gabriela Geluda e Ricardo Rodrigues - Gabriela Geluda é formada em Canto Lírico pela Universidade do Rio de Janeiro (Uni-Rio), pós-graduada em Música Antiga pela “Guildhall School of Music and Drama” (Londres) e formada na Técnica Alexander pelo “Alexander Technique Studio” (Londres). No Reino Unido, foi vencedora do “Portallion Chamber Music Prize” (Londres 1998). Integrou a “Mercurius Company” (Londres) e gravou a primeira ópera sul-americana, “La Púrpura de la Rosa”, com o Harp Consort, pela Deutsche Grammophon. Desde 1994 vem trabalhando regularmente com a compositora Jocy de Oliveira, como soprano solo em suas óperas (“Illud Tempus”, “As Malibrans”, “Canto e Raga”, “Estórias”, “Solo”, “Revisitando Stravinsky” e “Berio sem censura”). É afiliada à Associação Brasileira da Técnica Alexander ABTA. Desde 2009 integra o corpo docente da Pós Graduação em Preparador Corporal"  da Faculdade Angel
Ricardo Rodrigues nasceu em Nova Friburgo, Rio de Janeiro. Recebeu suas primeiras aulas de música aos sete anos com José Cocarelli. Continuou seus estudos com Ingo Goritzki, Heinz Hollinger, Georg Meerwein, e através de master class, com Jochen Müller-Brincken. Um foco especial é o seu trabalho com a compositora Jocy de Oliveira. De 1991 a 1993, Ricardo Rodrigues foi professor na Universidade de Música de Würzburg e produziu um CD de obras de compositores da Universidade. Desde 1994 é professor de oboé na Academia de Música Hanns Eisler de Berlim.
A apresentação de “Solo” é uma realização de Alvaro Collaço Produções, com apoio do Restaurante Alberto Massuda. As apresentações ocorrem nos dias 21 e 22 de setembro, sábado às 20 horas e domingo às 18h30. Ingressos podem ser adquiridos na bilheteria da Capela Santa Maria (rua Conselheiro Laurindo, 273), a R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia). Mais informações: 3321-2840.

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