segunda-feira, 10 de junho de 2013

Turnê do espetáculo “La Verità” passa pelo Guairão

Uma incursão acrobática e teatral livremente inspirada na vida e obra do pintor espanhol Salvador Dalí. Assim é “La Verità”, espetáculo que a Companhia Finzi Pasca, da Suíça, e a brasileira XYZ Live trazem ao país em junho. O grande destaque do espetáculo é uma tela gigante de 15mx9m, criada por Dalí nos anos 40 e desaparecida durante décadas. Restaurada, ela atua como cenário do espetáculo.  Com realização da Seven Entretenimento, “La Veritá” chega a Curitiba para temporada de 13 a 16 de junho, no Teatro Guaira. As apresentações acontecem de quinta a sábado, às 21h e domingo, às 20h. O espetáculo também passará por Porto Alegre, São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. A turnê internacional estreou em janeiro no Canadá, em breve iniciará sua turnê latino-americana, e depois será visto em países europeus como França, Itália, Espanha e Suíça, e ainda na Ásia, Austrália e Estados Unidos.
O elenco reúne uma trupe internacional – 12 atores provenientes do Canadá, Argentina, França, Itália, Austrália, Espanha, Paraguai, Suiça e até uma brasileira, a autora, atriz e diretora Beatriz Sayad, que foi integrante do projeto Doutores da Alegria, e dirigiu o espetáculo “Estamira – Beira do Mundo”, que está em turnê no Brasil desde 2011.
O criador de La Verità é Daniele Finzi Pasca, um suíço de talento versátil e reconhecida trajetória internacional, focada em espetáculos que mesclam acrobacia, clown, dança, teatro e música. Além de “La Veritá”, Finzi Pasca é o criador de Donka – Uma carta a Chekhov – que já passou três vezes pelo Brasil, em 2010, 2011 e 2012 – e também dirige “Corteo”, o mais lucrativo espetáculo do Cirque Du Soleil. Finzi Pasca fala sobre o trabalho com a obra de Dalí: “Perguntei a diversos conhecedores de Dalí, na festa de encerramento do espetáculo “Donka”: As pinturas de Dalí são dia ou noite? A resposta: nenhum dos dois! as imagens de Dalí pertencem a uma outra dimensão: a dos sonhos. A linguagem acrobática, do teatro físico, poderá facilmente conquistar esse território, o território onde não é noite, nem dia; onde a luz não toca a realidade, mas a desenha, a inventa ou a reinventa. A linguagem dos acrobatas tilinta em nosso subconsciente, fazendo com quem vejamos paisagens internas que parecem mais verdadeiras do que a realidade”.

Dalí e La Verità - Em dezembro de 2010, Finzi Pasca e Julie Hamelin debatiam ideias para uma peça quando receberam uma proposta: usar a pintura de Salvador Dali como base para um novo show. O dono queria permanecer anônimo, mas a intenção com sua nova aquisição não era de que ela ficasse restrita a uma sala de museu. "A fundação que adquiriu a obra decidiu não colocá-la em um museu. Eles preferiram colocar a obra no local para o qual ela foi originalmente criada – um pano de fundo para o teatro. Aceitamos o desafio e o convite porque era exatamente um elemento que podia nos ajudar a contar uma história que tínhamos em mente", explica Finzi Pasca.
A tela “Tristão e Isolda” foi pintada por Dalí em 1944, para ser cenário do ballet “Tristan Fou”, apresentado no Metropolitan Opera de Nova York. Uma das figuras tem na cabeça uma flor conhecida como dente de leão. Um carrinho de mão voa pelo cenário. A paisagem é desolada, as figuras são sexualmente ambíguas e de mãos enormes, há muletas vermelhas que não suportam coisa alguma, uma longa sombra se projeta de apenas uma figura. "Trabalhar com o surrealismo dá a oportunidade de explorar essas ideias, para criar imagens estranhas", diz Finzi Pasca sobre o espetáculo, que incluirá acrobacias e teatro. "É um show engraçado, mas também tem momentos feitos para tocar o público". Finzi Pasca diz que considera a pintura como mais um membro do elenco. "Eu trabalho em geral com atores extraordinários, por isso estou acostumado a trabalhar com coisas preciosas", diz ele com um sorriso. "Não é tão diferente". A tela esteve desaparecida por seis décadas e em 2010 uma fundação de arte europeia – que encontrou e resgatou a obra – entrou em contato com a Companhia Finzi Pasca e ofereceu a tela para um trabalho artístico inédito. Surgia o La Verità, um espetáculo para toda a família, permeado pelo clima onírico de Dalí.
O espetáculo mescla elementos de circo, cabaret, revista e teatro. Os intérpretes são multi-talentosos, transitam entre a acrobacia e a clowneria, o canto e a dança. Há um jogo entre momentos espetaculares na cena e entrada dos palhaços no proscênio que tentam realizar um leilão da tela que não ocorre jamais. Não há uma narrativa linear ou uma lógica que una uma cena a outra – o que há é um mergulho no mundo incoerente dos sonhos e das imagens que magicamente se constroem e se desfazem diante dos olhos dos espectadores. Nas palavras do próprio Finzi Pasca, “eis o ponto de contato entre Salvador e eu: os sonhos”.

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